Faleceu em Lisboa, em 23 de setembro, o poeta António Ramos Rosa, grande vulto das letras portuguesas. Nascido em Faro, em 1924, Ramos Rosa viu a sua obra distinguida por vários galardões, entre os quais se contam o Prémio Pessoa (1988), o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e o Prémio do PEN Clube Português (2006). Sobre a sua escrita, que integra uma importante dimensão ensaística, afirma outro poeta, António Carlos Cortez: «[...] Ramos Rosa é, como poucos na poesia da segunda metade do século XX, um poeta-crítico que questionou sempre o humano e condenou sempre a tendência para, mesmo na poesia, se aprisionar o homem ao que é unívoco e ortodoxo».
Os seus últimos anos foram vividos na Residência Faria Mantero, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, na companhia de sua mulher, a escritora Agripina Ramos Rosa – descritos, em julho passado, nesta reportagem da jornalista Paula Torres de Carvalho: António Ramos Rosa entre livros e desenhos.
Também o Ciberdúvidas não foi indiferente à projeção deste poeta: no consultório, Ernesto Rodrigues realçou em 11/01/2002 o papel catalisador de Ramos Rosa na poesia experimental portuguesa; e na Antologia, acha-se o poema "Coágulo no tempo", do qual se transcrevem aqui os três primeiros versos:
Apreender com as palavras a substância mais nocturna
é o mesmo que povoar o deserto
com a própria substância do deserto
Em Lisboa, nos dias 29 e 30 de outubro de 2013, realiza-se a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, uma iniciativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, organizada pelo Camões, IP, pela CPLP (através das suas Representações Permanentes e do Instituto Internacional da Língua Portuguesa – IILP), pelas Faculdades de Letras das Universidades de Lisboa, de Coimbra, do Porto e pela Universidade Nova de Lisboa. Este acontecimento, subordinado ao tema “Língua Portuguesa Global – Internacionalização, Ciência e Inovação”, reúne grande número de académicos dos países de língua portuguesa, com o propósito de «refletir acerca do Plano de Ação de Brasília, traçar os pontos de situação relativamente à sua implementação e [...] conhecer perspetivas e projetar ações atinentes à relação entre a língua portuguesa e a divulgação do conhecimento e da inovação por todo o mundo» (conforme se pode ler na página inicial do sítio da conferência).
Entre as várias sessões de debate (consultar programa provisório), é de salientar a dedicada aos vocabulários ortográficos nacionais e ao Vocabulário Ortográfico Comum, com coordenação de Gilvan Müller de Oliveira, diretor executivo do IILP. Assinale-se ainda que Ana Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, sítio associado ao Ciberdúvidas, está também presente com uma comunicação (ver aqui).
Noticia desenvolvida também no "Jornal de Angola" deste mesmo dia.
Assinale-se um pequeno artigo da Universia Brasil sobre os sete erros a evitar pelos alunos brasileiros na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a realizar em 26 e 27 de outubro de 2013. São eles, a saber: o uso da crase (p. ex., a contração à); a colocação da vírgula; a confusão entre mas e mais; os homófonos (p. ex., conselho vs. concelho); a troca de onde por aonde; o verbo haver, no sentido de «existir»; e a ocorrência de mim por eu. Refira-se que, de entre estes sete pontos críticos, dois parecem específicos do português brasileiro (mas/mais e eu/mim), pois geralmente não se verificam em Portugal. E nos outros países onde o português é a língua do sistema de ensino?
No decorrer da campanha para as eleições autárquicas que vão realizar-se em Portugal em 29 de setembro, ouvimos com incómodo o plural «os CTTs», em vez da forma correta – «os CTT». Para quem esqueceu, repetimos: as siglas não devem pluralizar, como, aliás, se tem reiterado no Pelourinho.
Na semana em que milhares de alunos, em Portugal, regressam à escola, discute-se a crescente importância das novas tecnologias no processo de aprendizagem. Presença incontornável nos dias que correm, os novos meios de comunicação, e em particular as redes sociais, começam a ser pensados como uma poderosa ferramenta ao dispor das escolas e dos professores. Entretenimento ou ferramenta pedagógica, esta é, com certeza, uma área que, não num futuro muito distante, verá novos desenvolvimentos. Também o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, de há algum tempo a esta parte, se associou a esta nova realidade. Recorde-se que os Cibercursos da Língua Portuguesa disponibilizam gratuitamente um conjunto de materiais auxiliares destinados ao ensino do português tanto como língua materna como como língua estrangeira/segunda. Ao mesmo tempo, a Ciberescola da Língua Portuguesa, que no passado ano letivo concluiu o seu primeiro ano de trabalho no ensino básico em Portugal, desenvolve um projeto de ensino em regime e-learning junto de alunos falantes não-nativos de português.
Na rubrica O Nosso Idioma, Sandra Duarte Tavares, consultora do Ciberdúvidas, deixa alguns conselhos práticos acerca de como redigir bem uma carta de apresentação, fator fundamental na procura de emprego.
Neste dia, no Consultório, discutem-se os pronomes pessoais clíticos, área espinhosa da gramática da língua portuguesa, sobretudo para falantes não-nativos de português, a propósito de dois exemplos em que se assinala o redobro do pronome clítico. Analisamos ainda um caso de aglutinação e o uso do sinal gráfico &, também denominado de «e comercial».
Como sempre, todas as atualizações disponíveis no Facebook e numa aplicação para smartphones.
Em Portugal, celebram-se os 90 anos do nascimento da poeta (designação que preferia a poetisa), ativista social notabilizada pela defesa dos direitos das mulheres antes e após a revolução de 1974, e política Natália Correia. Natural da ilha de São Miguel, nos Açores, Natália Correia é uma figura singular no panorama literário, político e social em Portugal, além de uma figura amplamente recordada em Portugal devido ao seu excecional poder de oratória e às polémicas em que frequentemente se envolvia, sobretudo aquando da sua passagem pela Assembleia da República. Exemplo disso é a sua célebre intervenção num debate sobre o aborto em Portugal, em 1982, em que Natália redigiu um poema que ficou popular, e que aqui transcrevemos em sua homenagem.
Já que o coito – diz Morgado –
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração! –
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado –
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Neste dia, podemos ler, na rubrica O Nosso Idioma, uma conversa entre Ferreira Gullar (foto à esq.) e Hélder Macedo (foto à dir.), moderada pelo jornalista João Paulo Cotrim e publicada na revista Up Magazine, em que, a propósito do Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, se celebra a língua comum a ambos os países. Ainda na mesma rubrica, o professor Edno Pimentel fala-nos acerca do uso do termo “mbora” em Angola. Na rubrica Antologia, publicamos um texto de José Luís Peixoto em que este escritor português fala da sua relação com a sua língua materna. E, no Pelourinho, Paulo J. S. Barata não perdoa duas vírgulas mal colocadas a um semanário português.
Finalmente, no Consultório, abordam-se questões relativas à maiusculização, à origem de um topónimo e de um sobrenome, à diferença entre nasalidade e nasalização e, por fim, ao substantivo “filómato”.
Todas as atualizações estão disponíveis também no Facebook e numa aplicação própria para smartphones.
As palavras compostas são um tema que suscita frequentemente dúvidas junto dos consultores do Ciberdúvidas. Uma vez mais, retomamos, no Consultório, o tema por intermédio da construção do plural e do feminino dos adjetivos compostos jurídico-político e económico-social. Analisa-se também o uso da locução coordenada disjuntiva «quer… quer» e ainda o género da palavra agravante.
Na rubrica Pelourinho, Wilton Fonseca observa a redundância do uso de artigos definidos em títulos de jornais estrangeiros que já incluem um artigo.
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Entre os empréstimos e as formas que o sistema morfológico do português permite produzir, os neologismos passam a custo pelo crivo do juízo normativo. É esta dificuldade que constitui o tema de duas novas respostas em linha no consultório, uma sobre o arrevesado vocábulo "imphotoshopeável" e outra a respeito do verbo não atestado semanalizar. Uma terceira resposta não foge ao mote neológico: como configurar um novo gentílico, por exemplo, o correspondente a Aldeia Viçosa (Guarda, Portugal)?
Estes e outros conteúdos estão, como sempre, acessíveis para consulta através do Facebook.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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