Regras sobre o uso dos prefixos e  do hífen 
 (antes e depois do Acordo Ortográfico)
                                
                                Considerados amigos do Ciberdúvidas,
Estou-lhes enviando a lista completa dos prefixos portugueses que, em palavras compostas, ligam-se pelo hífen ao segundo elemento iniciado por qualquer letra, sem ou com exceções. Procurarei elencar também essas últimas, segundo os registros de gramáticas e prontuários do nosso idioma.
Preciso da ajuda do Ciberdúvidas sobretudo para saber se as exceções para cada prefixo são apenas as enumeradas abaixo ou se existem outras. Necessito da lista completa das mesmas. Por favor, forneçam-ma. Careço também de saber se essas ressalvas diferem entre a ortografia do português brasileiro e a do português europeu, isto é, se em uma vertente da nossa língua há mais restrições do que na outra ao serem usados estes prefixos abaixo elencados sem o hífen. Por obséquio, também neste caso, dêem-me uma resposta completa.
Desejo também ser esclarecido se as exceções são apenas as construções vernáculas em que deveria normalmente entrar o hífen, mas este ficou de fora. Estas, aliás, parecem ser palavras surgidas em nossa língua antes das reformas ortográficas do século passado. Antes daquela época, ao que parece, usava-se pouco o hífen, daí o fato de esses vocábulos terem sido forjados sem o tracinho. Com o surgimento dessa profusão de hífenes, aliás, desnecessários na maioria dos casos, prefixos que antes não exigiam hífen para se unir a qualquer palavra, iniciada por qualquer letra, passaram a exigi-lo, porém os casos anteriores em que num vocábulo composto o prefixo uniu-se sem o hífen, esta palavra permaneceu inalterada, não recebendo com a reforma ortográfica, o traço-de-união, tornando-se então este vocábulo uma exceção. Exemplos: "pospasto", "prejulgar", "coestaduano", etc. Estas reservas, aliás, só fazem complicar a vida de quem escreve, de vestibulandos e de quem pretende entrar em um concurso público de provas e títulos. Imaginem a dificuldade que não é aprender tantas exceções.
Caso seja positiva a resposta ao questionamento do parágrafo anterior, então, devo concluir que palavras latinas, que vieram para o idioma português com prefixos, como, exemplificando, "prae", que em latim é usado sem hífen e sem acento, cujo aportuguesamento ficou "pre", também sem traço-de-união e sem acento, não devem ser contadas como exceções.
Exemplos: "prescrever", "prescrito", "preposição", "preservar", etc. Engano-me?
Aqui vai a lista:
01 – Os prefixos "grã-", "grão-", "pára-", "recém-", "vice-" e "vizo-", em palavras compostas, unem-se sempre pelo hífen a qualquer segundo elemento iniciado por qualquer letra, sem exceções. É assim tanto no Brasil como em Portugal.
02 – No Brasil, o prefixo "super-" une-se sempre pelo hífen a qualquer palavra, sem exceções. Em Portugal, une-se pelo hífen ao segundo elemento iniciado "r" e "h", como "hiper-", "inter-", "super-".
03 – Os prefixos "além-" e "aquém-" unem-se a todas as palavras pelo hífen, exceto em Alentejo, "alentejano" e "Aquentejo". É assim nos dois lados do Atlântico.
04 – O prefixo "bel-" une-se a todos os vocábulos pelo hífen, sem exceções, em todos os países lusoparlantes.
05 – O prefixo "bem-" une-se pelo tracinho a todo e qualquer elemento, salvo nos seguintes casos: "bempostano", "bendizente", "bendizer", "benfazejo", "benfazer", "Benfica", "benquerença", "benquerente", "benquistar", "benquisto"; "Benvindo(a)", nome de pessoa. O Aurélio consigna apenas "bem-fazer" para o português brasileiro. Em Portugal: "bem-fazer", "bem-querente", segundo o dicionário em linha da Porto Editora. Em Portugal, todavia, o prefixo "bem-" une-se pelo hífen apenas a palavra iniciada por vogal e "h", quando na pronúncia se ouve o ditongo "ei", tal como ocorre em "bem-amado".
06 – O prefixo "co-" une-se sempre pelo hífen, menos nos seguintes casos: "coabitação", "coabitar", "coadquirente", "coadquirir", "coatividade", "coeficiente", "coequação", "coessência", "coessencial", "coestadual", "coestaduano", "coexistir", "coirmão", "colateral", "colocutor", "cologaritmo", "coobrigar", "correlativo", "correligionário". O Aurélio, para o Brasil, registra apenas co-logaritmo, como, aliás, é em Portugal.
07 – O prefixo "ex-" liga-se pelo hífen a qualquer palavra. Reservas: "exabundância", "exerdar", "expatriar", "exsuar", "exsudar", "exsudato", "exsurgir".
08 – O prefixo "pós-" une-se por meio do traço-de-união a toda e qualquer palavra. Ressalvas: "poscefálico", "posfácio", "pospasto", "pospontar", "pospor".
09 – O prefixo "pré-" une-se por intermédio do tracinho a toda e qualquer palavra. Restrições: "preadaptar", "prealegar", "preanunciar", "precondição", "predeterminar", "predizer", "preeminente", "preestabelecer", "preestipulado", "preexistir", "prejulgar", "prenome", "pressupor".
10 – O prefixo "pró-" liga-se através do hífen a todos os vocábulos. Reservas: "procônsul", "procriar", "pronome", "propor", "prossecretário", "protórax".
11 – O prefixo "sem-" também sempre exige o hífen. Exceção: "sensabor".
12 – O prefixo "sota-" sempre exige o hífen. Ressalvas: "sotaproa", "sotaventar", "sotavento".
13 – O prefixo "soto-" outrossim sempre exige o hífen. Exceção: "sotopor".
Espero que o nosso querido Ciberdúvidas, que já resolveu casos muito mais intricados do que este, não se acovarde agora, antes dê ao mesmo uma resposta completa e magistral.
Muito obrigado por tudo.
