«Em casa, (...) em final de gravidez, sente que o nascimento do primeiro filho está eminente.»
«Tal como no dia em que o filho nasceu, e ele não se lembrou de que isso poderia estar eminente, dessa vez...»
«Com a separação eminente...»
«O parto de cesariana correu dentro da normalidade mas a recém mamã...»
«No verão de 1977, o casal passa férias com os filhos, no recém inaugurado empreendimento turístico...»
«... a ex mulher referiu...»
«... contou a ex mulher do agora candidato...»
«... "Andava tão embrenhado naquela vida política que se esquecia que tinha mulher e filho", revelou a ex mulher de Marcelo...»
«Vêem-se pouco...»
«... era o pai de Marcelo ministro da saúde e das corporações...»
[revista Flash, n.º 647, de 16/10 a 22/10/2015]
Um jornal sem gralhas, dizia-se nos tempos anteriores à informatização das redações e das tipografias de composição a chumbo, é como um jardim sem flores. Só que sempre houve gralhas-gralhas – por exemplo, lapsos de teclagem, trocas de letras na pressa do fecho da edição, distrações ocasionais – e "gralhas" resultantes de manifesta ignorância. É o caso vertente, com a troca do iminente pelo eminente – não uma, nem duas, mas logo três vezes na mesma peça. Sem falar já no resto acima assinalado1, reflexo de défice de português... básico. E que tal um serviço de revisão minimamente competente, na revista?
1 1) É obrigatório o emprego do hífen em palavras formadas com o elemento recém (recém-mamã, recém-inaugurado) – tal como como além (p.e., além-mar), aquém (p.e., aquém-Pirenéus) e sem (p.e., sem-abrigo). O mesmo se passa nas formações com o prefixo ex (ex-mulher, ex-ministro). Sempre foi assim, e assim continua a escrever-se depois do Acordo Ortográfico de 1990. 2) O inverso se passa com a 3.ª pessoa do plural do verbo ver, que se escreve agora sem o acento circunflexo: veem-se (e não vêem-se). 3) Sendo o resto minudências de estilo menos cuidado, vem mesmo assim a propósito lembrar que, na escrita jornalística, os titulares de cargos políticos ou outros se grafam de facto, por regra, em minúsculas, ficando o órgão com maiúscula inicial (... ministro da Saúde e das Corporações, diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, etc.).
