1. Deveríamos dizer Aquém dos Montes, em vez de Trás-os-Montes? Para o lendário investigador Leite de Vasconcelos, este onomástico deveria ser Aquém dos Montes, seguindo a perspetiva dos próprios trasmontanos, que se posicionam aquém do Gerês e da Cabreira… contudo, o uso mais generalizado impôs a designação Trás-os-Montes – como aqui se esclarece, no conjunto de oito respostas da presente atualização* do consultório do Ciberdúvidas.
* Pelas razões já anteriormente expostas, o Ciberdúvidas passou a assegurar as suas atualizações temáticas apenas uma vez por semana – agora à terça-feira. Entretanto, sempre que a atualidade ou a relevância informativa o justificar, não deixaremos de o assinalar nos Destaques que vão sendo renovados neste período.
2. Outros temas aí incluídos: a estranheza sobre o motivo de se usar o adjetivo plástico para designar as artes da pintura e da escultura; a função sintática dos pronomes pessoais átonos; o uso do superlativo absoluto analítico numa frase com mais de um adjetivo; o invulgar complemento agente da passiva composto; e, ainda, à volta da acentuação da palavra actor (antes do AO) /ator (pós-AO). Uma última questionação: a forma de tratamento colendo, usada exclusivamente para com juízes de tribunais superiores em Portugal, já anteriormente motivo de abordagem no Ciberdúvidas.
3. A apresentação do programa de preparação dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020 – e, em particular, para os atletas com deficiência física, – atualiza uma antiga querela linguística: Jogos Paraolímpicos mal chamados de "Paralímpicos".**
** Ver mais: Paraolímpico ou paralímpicos + Jogos Paraolímpicos ou Jogos Paralímpicos? + Sai paraolímpico, entra paralímpico + Por que antes era Paraolímpico e agora é Paralímpico?
4. Na rubrica Pelourinho, deixamos um apontamento crítico da professora Maria Eugénia Alves sobre a tendência crescente da não tradução para português dos títulos de filmes estrangeiros exibidos em Lisboa. E, em O Nosso Idioma, ficam disponíveis dois textos, transcritos, com devida vénia, dos diários Jornal de Notícias e Público. O primeiro, mais antigo, assinado pela jornalista Dina Margato, fala-nos dos antropónimos (cada vez) mais exóticos escolhidos em Portugal – a que acrescentámos, como curiosidade suplementar, 52 outros nomes não menos invulgares, mas… caídos há muito em desuso. O segundo, da autoria da jornalista Rita Pimenta, versa os vários sentidos da palavra toupeira – designativo, e por isso a propósito, de um caso da atualidade portuguesa: a chamada operação policial e-toupeira, envolvendo dirigentes do Benfica
5. Um último tema, tendo ainda como pano de fundo a atualidade nacional (a visita oficial à Grécia do Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa): a marcante influência do grego na língua portuguesa.***
*** Vide, entre outros textos: A presença grega + A influência do grego na cultura portuguesa + O perfil grego da língua portuguesa + A crise e a herança grega da língua portuguesa + 500 palavras de origem grega em português + A influência do latim e do grego na língua portuguesa + Influência do grego e do latim na língua + A língua portuguesa é uma língua latina e grega + A palavra Grécia e as formas “Hellas” e “Ellada” + Greciarizar: uma palavra efémera! + Tragédia clássica/ tragédia grega + As mitologia grega e romana + «Ver-se grego»