1. No referente às provas olímpicas para atletas com deficiência que se vão desenrolar de 7 a 18 de setembro p. f., no Rio de Janeiro, o Ciberdúvidas tem recomendado as designações parolímpico e paraolímpico, de acordo, aliás, com o parecer que, a pedido do Instituto Português do Desporto e da Juventude, a linguista Margarita Correia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) emitiu em 2005, no âmbito da atividade da Associação de Informação Terminológica (entidade entretanto extinta). No entanto, a comunicação social portuguesa e entidades desportivas estrangeiras insistem a adotar um termo inspirado no inglês paralympic – uma amálgama de para(plegic) + (O)lympic (cf. Oxford English Dictionary em linha) – e aportuguesado para a língua nacional: “paralímpico”. A influência do anglicismo tem sido tão forte, que foi assimilado por grande parte dos falantes de português – portugueses, brasileiros, angolanos –, bem como pelos de outras línguas de origem latina. É o caso espanhol: a Fundéu BBVA (Fundación para el Español Urgente), entidade preocupada com a defesa da língua castelhana, também se rendeu ao “paralímpico”, defendendo o uso deste termo em vez de paraolímpico. Não obstante, reitera-se a importância de respeitar os padrões de cada língua, sublinhando que, no português, o termo "paralímpico" afeta a integridade morfológica e a transparência semântica de um dos termos que lhe dão origem, olímpico, como tem sido explicado por diversos estudiosos da língua. Inclusive no Brasil, onde a forma parolímpico e paraolimpíadas é a defendida na generalidade dos registos de natureza didático-pedagógica e normativa (incluindo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, como, de resto, o Vocabulário Ortográfico Português, no Portal da Língua Portuguesa)*. Em sentido contrário foi a opção tomada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro – que, tal como o de Portugal, seguiu a recomendação do Comité Paralímpico Internacional, alterando seu nome para Comitê Paralímpico Brasileiro.
* Cf., entre outros registos: Paraolímpico ou paralímpicos + Jogos Paraolímpicos ou Jogos Paralímpicos? + Sai paraolímpico, entra paralímpico + Por que antes era Paraolímpico e agora é Paralímpico?
2. Falando ainda da interferência do inglês, o termo roaming volta às notícias, com a Comissão Europeia a limitar a prestação gratuita deste serviço nos Estados-membros a 30 dias seguidos ou a 90 dias por ano. Em vez do anglicismo, observa-se que itinerância é a alternativa portuguesa que começa a enraizar-se e que tem tudo para constituir uma palavra legítima, em harmonia com os padrões da nossa língua. Recomendemo-la, pois.
3. De palavras pitorescas e arrevesadas que, de quando em quando, emergem no uso é a recolha proposta pelo publicitário português José Alfredo Neto no seu Dicionário de Palavras Supimpas (Guerra e Paz, 2016). A rubrica Montra de Livros faz uma breve apresentação desta obra.
4. «Má homem» é um erro (mas há quem use), como se verifica numa das novas perguntas do consultório, onde também se pergunta: qual a pronúncia da palavra granola? E que significado tem a locução «tanto que»?
5. Sobre programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa, recordamos que o Língua de Todos tem nova emissão na sexta-feira, 9 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 10 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), enquanto o Páginas de Português regressa no domingo, 11 de setembro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*).
* Hora de Portugal continental.