A comunicação social, na diversidade dos seus estilos e canais, é um inesgotável manancial de desvios linguísticos, mas também de interessantíssimos exemplos de reinvenção vocabular. Num programa de rádio em direto, calha dizer-se pleonasticamente que uma coligação «implode por dentro», quando o correto é simplesmente «implode»; e, num jornal, só o descuido explica uma frase absurda como «ontem não "podemos" jogar», em vez de «ontem não pudemos jogar». Tais são os erros abordados por Paulo J. S. Barata em dois breves artigos disponíveis no Pelourinho.
Todavia, as notícias surpreendem igualmente com usos expressivos, típicos do estilo coloquial ou familiar. Em Portugal, é o caso de um comentário do ex-presidente da República Mário Soares, que, a propósito de uma decisão "irrevogável" do ministro Paulo Portas, que depois não o foi, lhe aplicou o pitoresco vocábulo salta-pocinhas, ou seja, entre várias aceções, «o que muda de situação muito facilmente» (Artur Bivar, Dicionário Geral e Analógico da Língua Portuguesa, 1952) ou «criança irrequieta, que anda sempre de um lado para o outro» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, 2001).
Apesar de analisável como composto morfossintático, formado por salta, do verbo saltar, e pocinhas, diminutivo plural de poça, «cova pouco funda, com água», vale a pena citar a nota etimológica que o Dicionário Houaiss dedica a esta palavra:
«[M]algrado as diferenças semânticas, tudo leva a crer tratar-se de decalque do francês saute-ruisseau (1796) ´ajudante de advogado, de cartório`; (1832) ´menino de recados, contínuo, estafeta`, de saute- de sauter ´saltar` + ruisseau ´riacho` (< latim vulgar *rivuscellus, diminutivo de rivus ´rio`, literalmente ´salta-riacho`).»
Como sempre, todos os conteúdos aqui em linha podem ser consultados no Facebook.
No Brasil, decorreu de 3 a 7 de julho a 11.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), dedicada ao escritor brasileiro Graciliano Ramos (1892-1953). Dos vários colóquios ("mesas") que integraram este acontecimento, salienta-se "Lendo Pessoa à beira-mar", no qual dois nomes maiores do espetáculo e da vida académica do Brasil, a cantora Maria Bethânia e a investigadora Cleonice Berardinelli, leram e comentaram textos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935). Aqui fica o registo dessa sessão, realizada em 5 de julho:
Continuamos a divulgar dúvidas que esperavam vez para ficar em linha. Pergunta-se se a palavra ratelha, que não está dicionarizada, existe. E sariano e sarauí serão sinónimos? E podemos dizer «Marques, não fiques zangada», em vez de «Joana, não fiques zangada», isto é, podemos tratar e referir uma mulher pelo seu apelido/sobrenome? Na rubrica Pelourinho, disponibilizamos uma crónica de Wilton Fonseca sobre o (mau) uso sintático do substantivo investimento (texto original publicado no jornal i, em 4/07/2013). Todos estes conteúdos estão disponíveis no Facebook.
O programa Língua de Todos de sexta-feira, 5 de julho (na RDP África, às 13h15; com repetição ao sábado, depois do noticiário das 9h00), tem por tema as exigências específicas do ensino de português para estrangeiros; e, na rubrica “Ciberdúvidas responde”, fala-se dos diferentes usos do substantivo fumaça em Portugal e no Brasil. No Páginas de Português de domingo, 7 de julho (na Antena 2, às 17h00), discute-se a identidade do português de Moçambique: língua não nativa? Língua moçambicana? Português moçambicano ou variante moçambicana do português? Uma entrevista com a linguista moçambicana Perpétua Gonçalves, numa reflexão válida igualmente para Angola e restantes países da fala comum.
Mais um vídeo da Ciberescola da Língua Portuguesa, destinado (sobretudo) a quem aprende ou ensina o português como lingua estrangeira. O tema é o uso de expressões idiomáticas com o verbo dar, como as comentadas neste apontamento: dar conta, dar azo e dar razão.
Como já foi explicado, o formulário para envio de perguntas está inacessível dada a interrupção do consultório até setembro, não só cumprindo a tradicional pausa estival, mas também em consequência de constrangimentos técnicos e financeiros que exigem algumas alterações funcionais. Para outros assuntos que não digam respeito a dúvidas sobre a língua portuguesa, poderão os nossos consulentes usar os contactos indicados nesta página).
Também conforme anunciámos, continuaremos a pôr em linha questões ainda a aguardar resposta, como é caso das seguintes: um priostado é o mesmo que um priorado? E como terá surgido a expressão «fazer a cama»? Estes e outros conteúdos são igualmente consultáveis pelo Facebook.
Como é hábito, no verão, o consultório do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa faz uma pausa de algumas semanas, pelo que o formulário destinado ao envio de perguntas se encontrará indisponível, ficando o esclarecimento de dúvidas interrompido até ao começo de setembro (para outros assuntos, usar os contactos indicados nesta página).
Esta interrupção tem igualmente razões ponderosas: as dificuldades insolúveis decorrentes da mudança para uma nova plataforma em janeiro de 2013 impõem um regresso à anterior plataforma, mantendo embora, na medida do possível, as alterações gráficas já realizadas. Não menos importantes são infelizmente os constrangimentos financeiros que continuam a afetar o acesso a recursos técnicos e humanos adequados à prossecução deste serviço sem fins lucrativos, que há mais de 16 anos esclarece e discute questões sobre o uso e as normas da língua portuguesa. Entretanto, continuaremos a pôr em linha perguntas que ainda aguardam resposta, bem como, nas demais rubricas, artigos que, de diferentes quadrantes, tenham por tema a nossa língua comum.
A todos os nossos consulentes, um ótimo verão!
Como é hábito, no verão, o consultório do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa faz uma pausa de algumas semanas, pelo que o formulário destinado ao envio de perguntas se encontrará indisponível, ficando o esclarecimento de dúvidas interrompido até ao começo de setembro (para outros assuntos, usar os contactos indicados nesta página).
Esta interrupção tem igualmente razões ponderosas: as dificuldades insolúveis decorrentes da mudança para uma nova plataforma em janeiro de 2013 impõem um regresso à anterior plataforma, mantendo embora, na medida do possível, as alterações gráficas já realizadas. Não menos importantes são infelizmente os constrangimentos financeiros que continuam a afetar o acesso a recursos técnicos e humanos adequados à prossecução deste serviço sem fins lucrativos, que há mais de 16 anos esclarece e discute questões sobre o uso e as normas da língua portuguesa. Entretanto, continuaremos a pôr em linha perguntas que ainda aguardam resposta, bem como, nas demais rubricas, artigos que, de diferentes quadrantes, tenham por tema a nossa língua comum.
A todos os nossos consulentes, um ótimo verão!
Poetas e escritores portugueses trabalharam como redatores em agências de publicidade, de Fernando Pessoa a José Carlos Ary dos Santos, de Alexandre O’Neill a José Cardoso Pires. E, hoje, como vai o discurso publicitário nos meios de comunicação, incluindo os de Moçambique e de Angola? Sobre este tema, o programa Língua de Todos de sexta-feira, 28 de junho (na RDP África, às 13h15*; repete no sábado, após o noticiário das 9h00*), entrevista Sónia Rodrigues, investigadora do Centro de Linguística da Universidade do Porto.
* Hora oficial de Portugal continental.
O diário da viagem de Vasco da Gama à Índia faz agora parte da lista da Memória do Mundo da UNESCO, a qual já incluía seis documentos portugueses. A autoria deste documento é atribuída a Álvaro Velho e, além de testemunhar, como afirma a UNESCO, «um momento determinante que mudou o curso da história», tem também interesse linguístico. A Biblioteca Pública Municipal do Porto, proprietária do documento, disponibiliza uma edição fac-simile do documento para consulta.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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