As regras do emprego do hífen eram das áreas menos bem resolvidas na reforma ortográfica de 1945. Pela sua dispersão de critérios consoante se tratasse de locuções, de compostos onomásticos, do vocabulário comum, por exemplo, mas também pela falta de sistematização em áreas de grande similitude como era o caso flagrante das formações com prefixos de origem latina e grega, eivados de uma complicadíssima panóplia de regras e exceções sem grande coerência entre si que só um (bom) prontuário ortográfico permanentemente à mão conseguia clarificar. Para já não falarmos dos chamados falsos prefixos em palavras, de mais recente formação, sejam eles do domínio técnico e científico, da moda ou do consumo – sem qualquer normativo para sua codificação escrita.
Como ficou isto resolvido – mais bem dito: simplificado – com o Acordo Ortográfico e, concretamente, nas suas Bases XV (Do hífen em compostos), XVI (Do hífen nas prefixações) e XVII (Do hífen) na ênclise, na tmese e com o verbo haver)? Damos a resposta por duas vias: no consultório, no esclarecimento a esta pergunta: «Qual a redação atualmente correta da palavra "antiabuso"?»; e, na rubrica O Nosso Idioma, com uma excelente sistematização das novas regras sobre o emprego do hífen, da autoria do professor universitário brasileiro Roberto Sarmento Lima.1
1 Ver ainda: Ortografia Portuguesa + A questão do emprego do hífen no Acordo Ortográfico.
Três notas ainda, neste período de interrupção do serviço regular prestado pelo Ciberdúvidas até setembro, pelas razões já anteriormente expostas:
♦ Para a emissão de dois novos episódios do programa Mambos da Língua – O tu-cá-tu-lá do português de Angola, numa parceria do Ciberdúvidas com a Rádio Nacional de Angola: o 63.º (Despensa ≠ dispensa) e o 64.º (Taxar vs. tachar).
♦ Para os concursos abertos, via Camões – Instituto da Cooperação e da Língua para lecionação de Português em Boston (aqui também para leitores), Reino Unido e Bruxelas.
♦ Ainda a propósito, da atualidade grega:
1) Expluda é a 3.ª pessoa do singular do verbo explodir, e não explôda, como se recorda na rubrica Pelourinho, em apontamento crítico a um tropeção linguístico menos feliz observado numa das coberturas televisivas, em Portugal, sobre a situação na Grécia depois do resultado do referendo realizado no domingo p. p. 5/07.
2) E o que aconteceu aí foi um referendo, um plebiscito, ou uma mera consulta popular? A pergunta, que nos chegou sem tempo de lhe darmos uma resposta mais sustentada do que a que já tínhamos, já antiga, fica para um cabal esclarecimento próximo.