Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Carlos Marinheiro

Nas respostas de hoje, os euros e os cêntimos continuam a provocar dores de cabeça a muitos dos nosssos consulentes. Será que se pode usar o plural? A autoria do verso “e do longe se fez perto” talvez nos possa ser dada por algum dos muitos leitores desta página. Aguardamos. Outra questão abordada tem que ver com as expressões “a nível de” e “ao nível de”. A genealogia de famílias portuguesas, tratada na obra Pedatura Lusitana, traz-nos um termo que os dicionários não registam, mas talvez um dia o venham a mencionar, como aconteceu com muitos outros.

Por Carlos Marinheiro

Todos os dias nos chegam muitas perguntas fora do âmbito de Ciberdúvidas. Na impossibilidade de responder individualmente a cada consulente, pedimos aqui o favor de não nos enviarem mais questões que não estejam dentro daquilo a que, desde o princípio, nos propusemos: esclarecer dúvidas da Língua Portuguesa. Abrimos uma única excepção, e mesmo essa com alguns condicionalismos: estamos a responder, sem compromisso, a perguntas de literatura, embora do Brasil nos cheguem frequentemente questões que, por falta de um consultor brasileiro dessa área, temos dificuldade em corresponder da melhor forma.

Por José Mário Costa

Morreu o escudo, viva o euro, moeda única europeia. Uma boa altura para evitarmos algumas derrapagens que se ouvem e lêem por aí a propósito do (não) plural da nova palavrinha que nos põe todos a fazer contas de conversão imediata. Além do euro (moeda), temos também o Euro (campeonato da Europa de futebol), que já traz o país a olhar para outras contas, relacionadas com os problemas das finanças públicas.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Há quase cem anos, o escritor brasileiro João Ribeiro – agora na Antologia – avisava que os clássicos deveriam ser lidos com lenteza semelhante à que eles puseram no acto de escrever. De outro modo, ninguém conseguirá compreender as subtilezas dessa linguagem.

Os clássicos «não podem, pois, ser devorados de um trago, como os livros de hoje, improvisados num lanço.»

Se João Ribeiro manifestava tamanhas queixas há um século, imagina-se o que diria nos tempos que correm, quando o problema ante os clássicos não é só que se leiam depressa, mas que se não leiam.

Clássico hoje já é escrever apagar, eliminar ou suprimir num país cuja Academia de Letras acaba de admitir, no vocabulário oficial, uma necessidade anglo-brasileira como "deletar".

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

O português do Brasil tem seis mil palavras novas. Disso damos conta nas Diversidades, com um texto do diário "Folha de S. Paulo" sobre o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", lançado em 10 de Setembro pela Academia Brasileira de Letras. Os critérios desta actualização divergem dos vigentes em Portugal, onde o último vocabulário "completo" - o de Rebelo Gonçalves - tem cerca de meio século.

Na Antologia, registamos uma espécie de "Portugal-Castela" com o texto "Nas comédias em prosa e no verso heróico, melhor parece a Língua Portuguesa". O autor, Pêro de Magalhães Gandavo (século XVI), escreveu também a primeira história do Brasil. Gandavo, no texto agora antologiado, combate a influência excessiva do castelhano nos escritores portugueses da época.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

E se os erros de português fossem considerados infracções? E se os infractores tivessem de pagar multas?

Eis perguntas que qualquer pessoa que conhece um pouco mais de gramática já se deve ter feito algumas vezes, quando se lhe deparam calinadas em cartazes e anúncios, legendas de filmes, inserções de texto na televisão, falas de políticos e apresentadores da televisão e da rádio, etc., etc.... Um longo "et cetera", a que não escapam notícias da imprensa, decretos do "Diário da República", obras de ficção e gramáticas – sem esquecer Ciberdúvidas, que já se colocou a si próprio no Pelourinho. Sim, se todas as calinadas «pagassem» multa, que grande receita!

Quem saiu na frente (como dizem os brasileiros) foi um município do Estado de São Paulo, a estância de veraneio de Guarujá, que acaba de adoptar uma medida financeira para corrigir o português dos munícipes: quem errar paga!E se as multas se generalizassem? Talvez desse, até, para baixar os impostos... Ou, melhor ainda, para financiar a formação adequada de professores de português que o Estado há muito abandonou em Portugal.

 

... e Aquilino na Antologia

Um dos cultores mais apreciados da escrita portuguesa, Aquilino Ribeiro, está a partir de agora na nossa Antologia. Trata-se de "A Literatura Regional e a Linguagem", do livro "Terras do Demo", que dedica a outro escritor português, Carlos Malheiro Dias (autor do prefácio da obra de estreia de Aquilino), que foi a escolha de Ciberdúvidas, nesta mesma rubrica, na semana passada. 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Ciberdúvidas já se encontra em linha. Com o apoio e a orientação de quantos fizeram do Português a sua própria bandeira, vem preencher a lacuna mais sentida por qualquer lusófono em qualquer parte do mundo.

Doravante, é possível encontrar na Internet, no máximo de dois dias úteis, respostas às mil e uma dúvidas de quem escreve, fala ou trabalha com o Português. Sejam questões de ortografia, sobre a pronúncia, a sintaxe ou à volta das novas palavras importadas do Inglês, por exemplo.

Ciberdúvidas existe para isso mesmo: esclarecer, clarificar, facilitar – mas sem substituir, nunca, o que só a Gramática ensina e o Dicionário ou um qualquer prontuário podem auxiliar.

Desenganem-se, porém, os que vêem neste serviço uma perspectiva imobilista da língua. Património, hoje, de sete países1, cada qual com a sua especificidade própria, o Português é o idioma oficial de mais de 200 milhões de pessoas. É esta mais-valia que lhe garante a abertura às influências e contributos mais variados, impeditivos à partida de quaisquer policiamentos ou tutelas serôdias. O que não significa a ausência de regras.

A língua é como um rio: sem margens, desaparece. O risco começa no seu abastardamento.

15 de Janeiro de 1997

1 N. E. – "Sete" no ano em que o texto foi escrito, porque, a partir de 2002, com a independência de Timor-Leste, passou a oito o número de Estados onde o português tem estatuto oficial.

Por José Mário Costa

No mês ora entrado, a equipa que garante as atualizações diárias do Ciberdúvidas vai de férias. Regressamos a 1 de setembro – não deixando, sempre que isso assim o justificar, de aqui registar o que for acontecendo de informação, esclarecimento ou reflexão relevantes sobre a língua portuguesa.

É o caso do que fica desde hoje em linha:

 

  • Na rubrica Pelourinho, damos conta de três exemplos da confusão no emprego das conjunções coordenativas “e” e “ou, pelourinho.php?rid=3027assinalados pelo jornalista Wilton Fonseca, em crónica publicada no jornal “i”. E, ainda, um novo apontamento do nosso colaborador Paulo S. Barata: «Um estrato (muito mal extraído)».

 

Em O Nosso Idioma, nova crónica de Edno Pimentel sobre os usos do português de Angola: "Aulas muito "vantagiosas"!

 

  • Nas Controvérsias, transcrevemos do jornal “Público” um artigo da autoria de José Mário Costa: Não se fala… não existe

  • E, na área especificamente à volta do Acordo Ortográfico, deixamos disponível o que foi n.º 2 da revista Forma de Vida: um simpósio subordinado ao título "Para que serve o Acordo Ortográfico?", com a participação de sete académicos, ensaístas e escritores portugueses e brasileiros. 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

«Nos últimos anos, a língua beneficiou apenas de dois acontecimentos. O primeiro foi um daqueles achados que saltam gerações: Ricardo Araújo Pereira, um humorista que não escreve apenas “bem”, mas faz com a língua o que outros não conseguem fazer com o sexo. O segundo foi o Ciberdúvidas, um reduto de civilização que juntava utentes e especialistas da língua, onde se podia discutir o uso de “espoletar/despoletar” ignorando o colapso financeiro da Europa. Não erro o tempo dos verbos, porque não é certo que o Ciberdúvidas sobreviva a mais uma crise de patrocínios.» Excerto bastante reconfortante de um texto do investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência, Vasco Botelho, publicado no jornal i de 25/o6/2012 (colocado em O Nosso Idioma) com que abrimos edição desta ultima semana de junho.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Em Timor-Leste, três escolas do ensino básico vão ter aulas nas línguas maternas locais, em distritos onde não são falados tanto o português como o tétum, línguas oficiais do território. O ministro da Educação João Câncio assegura que este projecto-piloto não vai resultar na adoção das línguas locais como línguas de instrução, mas apenas como instrumentos de introdução do conhecimento. Trata-se uma estratégia pedagógica para superar as dificuldades dos alunos que entram na escola, para quem o português é uma língua estrangeira.