Os neologismos voltaram a ocupar grande parte do fluxo das perguntas e respostas do Ciberdúvidas, nesta semana que ora termina. Provavelmente motivadas pelos dois excelentes textos do jornalista Paulo Querido e da linguista Margarita Correia, em linha nas Controvérsias, foram muitas e excelentes as contribuições que nos chegaram dos nossos consulentes – seja por causa da palavra apagão ou a pretexto de uma notória gralha na publicação oficial do Estado português...
E que melhor reflexão à volta das diferenças ortográficas desta nossa língua comum, como a que escreveu uma das nossas autoridades na matéria, D'Silvas Filho?
Esta semana, como habitualmente, há muitas matérias de interesse no Ciberdúvidas. Que requisitos serão necessários para a elaboração de um bom dicionário? A propósito deste tema, a nossa consultora Maria Celeste Ramilo alude ao excelente Corpus de Referência do Português Contemporâneo feito pelo Centro de Linguística da Universidade de Lisboa.
Na rubrica Controvérsias, que acolhe o que fundamentalmente contribui para a polémica e a divergência de conceitos e opiniões, surgiram esta semana dois textos sobre os neologismos, publicados recentemente no semanário Expresso. Num deles, a nossa consultora Margarita Correia levanta questões sensíveis, mas pertinentes: «existe por parte da CPLP uma estratégia minimamente concertada para desenvolver o português e o seu uso? Existe alguma instituição oficial encarregada de proceder à normalização da língua portuguesa e, em particular, dos seus neologismos?» Em última análise, até poderemos perguntar, como o faz Margarita Correia: «Existe política de língua? Existe política de planificação linguística?» Responda quem de direito.
A propósito de neologismos, chamamos a atenção para a resposta Apagão. E hoje ainda temos as palavras transdisciplinaridade e desadsorção.
Finalmente, esta curiosidade: qual o feminino de patrono, de paraninfo e de formando?
Ciberdúvidas retomou as suas actualizações diárias, após a interrupção das férias de Verão. Voltamos mais tarde do que projectáramos e, infelizmente, com a reestruturação gráfica e do arquivo ainda em fase de concretização.
Para além de 22 novas respostas a perguntas entretanto chegadas – a uma delas, sobre a origem do termo pé-direito, até nem foi possível uma conclusão segura (pode ser que a encontremos entre os nossos consulentes)... –, ficam em linha desde esta data dez outros novos textos e pistas de reflexão sobre a língua portuguesa. Basta clicar em praticamente todas as áreas temáticas do Ciberdúvidas...
1. Se há complexidade na língua portuguesa, as regras para o uso do hífen são seguramente um caso superlativo. Até pela incoerência entre as centenas de ocorrências, novas e antigas, de prefixação quantas vezes de duvidosa aplicabilidade. Devem ser, por isso, das perguntas que mais vezes nos chegam. Esta semana, voltámos ao tema com a questão à volta do não-governamental. É uma resposta de um dos nossos mais antigos e prestigiados especialistas na matéria, D’ Silvas Filho – cujo regresso à colaboração permanente com o Ciberdúvidas tanto nos apraz registar.
2. Outro dos nossos mais antigos e ilustres consultores, José Neves Henriques, assina entretanto a resposta que mais tempo nos levou a apurar nos últimos tempos; até pela descontextualização da expressão em causa: cabra cabrês.
3. É um problema que se repete frequentemente, este da descontextualização de grande parte das dúvidas de quem nos consulta diariamente. Do mesmo modo, voltamos a lembrar que Ciberdúvidas só responde a consulentes devidamente identificados.
4. Por causa do feriado nacional em Portugal, quinta-feira, dia 19, Ciberdúvidas volta às suas actualizações diárias, na segunda-feira, dia 23. Fica, entretanto, em linha perto de meia centena de novos temas – quatro deles no Correio, por sinal, bem controversos, graças à participação de cinco atentos e activos consulentes deste sítio da língua portuguesa, como não há outro no espaço da lusofonia. Exactamente por isso.
Por que se dirá par de calças, quando o que se veste, homem, mulher ou criança, é só mesmo uma calça? E qual a razão de a omeleta dar, cada vez mais, em omoleta? E estará certo ouvirmos chamar a Sophia de Mello Breyner «um grande poeta», em vez de «uma grande poetisa»? E, afinal, de onde virá a expressão popular «meia bola e força»? E o que é isso do «pormaior»? Destas e de outras particularidades da nossa língua comum se fez o Ciberdúvidas desta semana. Mas há tudo o resto no nosso arquivo de perto de 15 mil respostas e temas diversificadíssimos, à mercê, apenas, do respectivo motor de busca.
Voltamos na segunda-feira, dia 16.
1. A Antologia é hoje enriquecida com um texto e um poema da escritora guineense Odete Semedo. «Em que língua escrever/Contando os feitos das mulheres/E dos homens do meu chão ?/ Como falar dos velhos/ Das passadas e cantigas?/ Falarei em crioulo?/... Ou terei de falar/Nesta língua lusa». Um texto belíssimo, como o de um coração ambivalente...
2. Foi uma semana menos feliz do Ciberdúvidas. Aconteceu a propósito das respostas sobre os idos, as nonas e as calendas, a metanóia “versus” metáfora e a etimologia de gamba. O pior que nos pode suceder é errar; pior ainda só mesmo não assumir o erro. Cumprida também nesse aspecto a tradição de rigor e seriedade que tanto ajudou a cimentar o prestígio do Ciberdúvidas, fica, entretanto, mais uma vez demonstrado o papel decisivo dos seus consulentes.
A singularidade deste sítio da Língua Portuguesa na Internet passa justamente pelos seus consulentes. São eles, e só eles, com as suas perguntas, sugestões, críticas e incentivos, quem nos permite manter de pé um projecto desta natureza e dimensão, a despeito de todas as dificuldades e provações.
3. Sobre as perguntas a que respondemos com especial gosto esta semana, permita-se-nos relevar duas: a do probatório e a do Y: vogal ou consoante?. A primeira, porque relança o debate sobre o que aí vai de atropelos por via das apressadas e más traduções do inglês; a segunda, por nos ter chegado de uma brasileira residente no Japão há 11 anos, preocupada com o melhor ensino da Língua Portuguesa para a filha.
4. Na próxima terça-feira, dia 10 de Junho, é feriado nacional em Portugal. Por isso, Ciberdúvidas só fará actualizações diárias quarta e quinta-feira, interrompendo depois, também, na sexta-feira, 13, feriado municipal em Lisboa.
P.S - A semana até começara luminosamente para as letras em língua portuguesa, com o Prémio Rainha Sofia [de Espanha] atribuído a Sophia de Mello Breyner. Infelizmente, terminámo-la da pior forma: a conselheira para os Assuntos de Educação da Embaixada de Portugal em Paris, a escritora Isabel Barreno, demitiu-se das suas funções em carta dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz.
Isabel Barreno exercia estas funções há vários anos, concitando generalizado aplauso pelos esforços que vinha desenvolvendo em prol da Língua Portuguesa em França.
Na carta de demissão, citada pelo jornal “Público”, escreveu: «Considero não existirem condições mínimas para um exercício adequado do cargo, resumindo-se as minhas funções, a curto prazo, à coordenação do improviso e à remediação do atraso».
Será com a gestão do improviso que se promove e difunde a Língua Portuguesa em França e no mundo?
A informática mesclou o português de anglicismos tantas vezes desnecessários. Não seria muito mais fácil, e simples, se disséssemos nome de utilizador em vez de username, e senha em vez de password? A linguista Celeste Ramilo responde a uma questão sobre este assunto, valendo também a pena recordar o que sobre os estrangeirismos aconselhou o Prof. Rodrigues Lapa, na sua celebrada Estilística da Língua Portuguesa.
Nem de propósito: esta semana a CNN desactivou o serviço em língua portuguesa que tinha no sítio www.CNN.com.br.
E é do Brasil que, via Revista Educação, nos chegou esta semana um notável texto, Lula e a língua do povo, que, com a devida vénia, fica em linha na rubrica O Português na 1.ª Pessoa. A propósito do português falado pelo Presidente do Brasil, o autor, Josué Machado, escreve sobre a influência da oralidade no idioma culto e no ensino de gramática nas escolas brasileiras (e, já agora, portuguesas...).
De Bruxelas, Manuel Correia, um dos mais assíduos (e antigos) consulentes de Ciberdúvidas, voltou a questionar-nos sobre o ter que ver/ter a ver. Chamamos a atenção para a excepcional investigação de Edite Prada sobre o tema.
E como temos à porta as férias de Verão em Portugal, aí fica um Pelourinho sobre uma certa Terra Nostra…
A escritora angolana Ana Paula Tavares presenteou o Ciberdúvidas com mais um texto, este inédito, que escreveu em homenagem a Mia Couto. Um belo texto, por sinal, permita-se-nos o comentário, que entra hoje em linha na Antologia:
«A morfologia das palavras transforma-se como os bichos de crisálida em borboleta, sendo que as variáveis se incrustam no avesso da vida constituindo o seu bordado, jogo de signos, sonhos entrelaçados. Substantivos, adjectivos, artigos, pronomes e verbos são sempre infinitivamente variáveis consoante os estados do tempo, a presença da fome e a frequência da escola.»
Outro novo texto que ficou esta semana em linha no Pelourinho é o Vemos, ouvimos e lemos…, da nossa consultora Maria João Matos:
«Uma pequena amostra da forma como a nossa língua é agredida diariamente e do mau serviço que persistentemente se presta aos seus utentes. E como a ignorância não paga imposto...»
E há 60 novas respostas a outras tantas 60 perguntas, das mais variadas – às vezes muito para além do âmbito da língua portuguesa… –, chegadas nos últimos oitos dias de Espanha, Brasil, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Macau, Moçambique, Portugal e, pela primeira vez desde que há Ciberdúvidas, da República Checa.
60 novas respostas a 60 novas perguntas, de facto/fato. É que continua a chegar-nos um número excessivo de questões que se encontram já tratadas pelos nossos consultores e especialistas, em todas as áreas do Ciberdúvidas. Das Respostas Anteriores ao Correio; do Glossário às Controvérsias ou no Pelourinho; das Diversidades a O Português na 1.ª Pessoa; e, até, nas Notícias Lusófonas e na Montra de Livros. Ao todo, são quase 15 mil questões já em arquivo.
Por isso, voltamos a lembrar o seguinte a quem nos consulta:
1- Logo na primeira página do Ciberdúvidas, há um campo de pesquisa. Coloque-se aí a palavra ou expressão que suscitaram a dúvida;
2 - Se a questão não estiver respondida ou se a resposta não for satisfatória, no ícone Pergunte-nos, basta clicar e ter-se-á imediato acesso ao campo Perguntas;
3 - No fim desta Abertura (ver a seguir), e depois da explicação pormenorizada sobre o mecanismo da pesquisa (convém ler com atenção!), ter-se-á onde fazer a(s) pergunta(s) pretendida(s). Desde que ainda não respondida(s), naturalmente...
Obs. - É verdade que o sistema de busca não é o melhor do Ciberdúvidas; antes pelo contrário. Mas, como já anunciámos oportunamente, estamos a ultimar com o SAPO uma grande melhoria (e não só aí...) no mecanismo de acesso do Ciberdúvidas.
Um consulente quis saber como se denominam os naturais de São Pedro do Sul. A resposta encontra-se em linha desde o dia 15 de Maio, ficando a constituir um novo marco na vida do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: com ela, perfazíamos o número 12 mil. Exactamente 12 mil questões suscitadas por quem, ao longo destes seis anos, se habituou a partilhar connosco/conosco as suas dúvidas para saber mais sobre esta língua de oito pátrias – como lhe chamou um dia o saudoso João Carreira Bom, a quem este projecto tudo deve.
E como Ciberdúvidas não se esgota nas perguntas e respostas do seu consultório, mais temas e mais assuntos sobre a Língua Portuguesa entraram esta semana no Correio, nas Notícias Lusófonas, na Montra de Livros e em O Português na 1.ª Pessoa. Nesta última rubrica, permitimo-nos chamar a atenção para o novo texto da linguista Margarita Correia sobre as mudanças do 25 de Abril no léxico dos portugueses.
Finalmente, renovamos o pedido de desculpas aos nossos consulentes devido às anomalias técnicas que prejudicaram o pleno funcionamento do Ciberdúvidas.
Uma anomalia no servidor do Ciberdúvidas, do portal SAPO, fez-nos estar fora de linha desde a madrugada desta terça-feira, dia 13. Debelado o problema técnico, voltamos a poder receber todas as mensagens dos nossos consulentes. E aqui estamos, de novo, respondendo diariamente a quem tem dúvidas e quer saber mais sobre a Língua Portuguesa. Pelos inconvenientes ocorridos, a que fomos completamente alheios, apresentamos as nossa desculpas.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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