Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa perfaz nesta data sete anos de existência. Dedicado à língua portuguesa, sob a iniciativa do jornalista José Mário Costa e graças à acção mecenática de um outro seu co-fundador, o saudoso também jornalista João Carreira Bom, entrou pela primeira vez na rede no dia 15 de Janeiro de 1997.



Sete anos decorridos, encontram-se já em linha, permanentemente, cerca de 16 mil questões, entre respostas directas, controvérsias múltiplas, artigos e textos literários variadíssimos e disponíveis a qualquer consulente, em qualquer parte do mundo e à velocidade da instantaneidade da Internet.



Este é um verdadeiro serviço público da Língua Portuguesa através da Internet, como não há outro nestes moldes, no espaço da lusofonia. Pela informação, esclarecimento e o permanente debate promovidos aqui diariamente. Mas também pela promoção dos valores culturais dos países da CPLP em geral, e no respeito escrupuloso das duas variantes ortográficas oficiais do português, a de Portugal e a do Brasil.



Durante estes sete anos, Ciberdúvidas cruzou os mais diversificados públicos e fronteiras, acolhendo entre os seus colaboradores e especialistas as duas correntes desta nossa «língua de oito pátrias».



Mas quem hoje se responsabiliza pela sua orientação editorial tem também a noção das debilidades e lacunas deste proje(c)to. Por isso, Ciberdúvidas conhecerá três alterações de vulto, esperemos que ainda neste primeiro trimestre de 2004.



Primeiro, no seu aspecto gráfico, totalmente renovado pelo prestigiado “designer” português Henrique Cayatte. Depois, por via de novas áreas de intervenção, como é o caso de um ícone sobre todos os conteúdos referentes à Linguística da Língua Portuguesa, com uma base de dados actualizável de todas as teses de mestrado e de doutoramento feitos em universidades portuguesas e brasileiras sobre esta temática. (É um novo ícone que está a ser preparado e orientado por uma nossa ilustre colaboradora, a linguista e professora universitária Maria Helena Mira Mateus, juntamente com a equipa do Instituto de Linguística Teórica e Computacional, devido ao apoio decisivo da Fundação Calouste Gulbenkian.) A terceira melhoria do Ciberdúvidas – dependente, tão-só, da morosidade de um trabalho dessa monta – tem que ver com a renovação da pesquisa no Ciberdúvidas, cujo arquivo passará a ficar disponível sob categorias temáticas. Portanto, com um acesso muito mais rápido, funcional e eficaz para quem nos consulta regularmente.



Temos orgulho no trabalho que realizámos, de resto várias vezes premiado tanto em Portugal como no Brasil. Um orgulho tanto maior quanto os fins absolutamente não lucrativos do Ciberdúvidas – mas nem por isso menos exigente e rigoroso, como se comprova pela incontroversa competência e generosidade dos nossos consultores e parceiros institucionais.



De todos eles – constantes na nossa primeira página –, permita-se-nos um agradecimento muito especial ao SAPO , ao CIAL, à HP , à Fundação Calouste Gulbenkian, à Fundação Jorge Álvares, ao Instituto de Linguística Teórica e Computacional, à Vodafone e à Universidade Lusófona, em cujas instalações, em Lisboa, funciona o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Foram estes apoios, e só eles, que viabilizaram o regresso do Ciberdúvidas, um ano depois do falecimento de João Carreira Bom.



Um bem-haja a todos!

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Depois da interrupção tradicional entre o Natal e o Ano Novo, Ciberdúvidas regressa às suas actualizações diárias – e com uma boa notícia.

Com o objectivo de homenagear o co-fundador deste sítio, a Sociedade da Língua Portuguesa instituiu o Prémio Crónica João Carreira Bom que deverá ser entregue no próximo dia 30 de Janeiro, quando perfizer dois anos do falecimento do principal impulsionador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

O galardão destina-se a premiar uma personalidade que, durante o ano de 2003, se tenha distinguido na imprensa escrita portuguesa no género crónica, que como se sabe teve um cultor exímio em João Carreira Bom. O valor do prémio é de 5000 € e tem o patrocínio exclusivo da empresa de telecomunicações móveis Vodafone, graças à qual foi possível concretizar esta homenagem a João Carreira Bom, como jornalista que tão bem escreveu – e defendeu – esta nossa «língua de oito pátrias».

Como não podia deixar de ser, Ciberdúvidas da Língua Portuguesa associou-se a esta iniciativa, através de um protocolo que firmou com a Vodafone e a Sociedade da Língua Portuguesa.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Como é tradição nesta época natalícia e do Ano Novo, interrompemos nesta data a actualização diária do consultório e das demais rubricas do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Regressaremos na primeira segunda-feira de 2004, dia 5 de Janeiro.

A todos os nossos prezados consulentes e consultores, em particular, e aos amigos da Língua Portuguesa, em geral, apresentamos os votos de Boas Festas. E até 2004!

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

A propósito da recente Conferência de Madrid para a reconstrução do Iraque, uma consulente quis saber: Conferência dos Doadores ou dos Dadores?

Outro consulente interpelou-nos sobre a pronúncia do s do substantivo subsídio, em Portugal e no Brasil.

E por que motivo – perguntaram-nos do Brasil – cada vez mais brasileiros escrevem «Hum mil reais», como o extenso de R $ 1.000,00?

Um professor de História procurou-nos por não ter encontrado em nenhum dicionário a palavra samana.

E porquê Karina e não Carina?, contestou ainda outro dos nossos tão atentos consulentes, com reservas acrescidas sobre a melhor tradução para a expressão inglesa "case study".

E houve mesmo quem nos questionasse sobre a expressão grande maioria: «Se é maioria, não é já grande?»

Destas e de outras excelentes questões (até houve oportunidade para desfazermos um duplo equívoco à volta do poema "Loucura...", de Mário de Sá-Carneiro, citado num concurso televisivo…) se fez mais uma semana do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

1. Um professor voltou a socorrer-se do Ciberdúvidas para uma dúvida de Português surgida precisamente na sua própria escola [cf. «Lição n.º 2 e 3»]. Para além da dúvida de novo esclarecida, há este facto crescente: cada vez mais professores, e tradutores, e estudantes dos mais diversos graus de ensino, muitos deles procurando apenas aconselhamento bibliográfico para os seus trabalhos académicos, recorrem ao nosso sempre disponível e tão dedicado corpo de consultores. Fora as perguntas a que respondemos pessoalmente. De Portugal, do Brasil, de toda a África lusófona, de pontos tão distantes como da Finlândia à China, do Japão ao México.



Quem nos consulta sabe o que fazemos: verdadeiro serviço público, quantas vezes ultrapassando o âmbito deste projecto, a Língua Portuguesa. Decorrido quase um ano do regresso do Ciberdúvidas, ainda não perdemos a esperança de esse reconhecimento nos chegar, também, do Ministério da Educação, ou do da Cultura, ou de qualquer outra entidade oficial vocacionada precisamente para o apoio ao que se promove e divulga neste sítio único na Internet, em Português...



2. O do belíssimo poema Fado Tropical de Chico Buarque (brasileiro) e de Ruy Guerra (moçambicano) mereceu duas excelentes abordagens da Prof.ª Maria Regina Rocha. E, na esteira dos inspirados autores do Fado Tropical, dizemos da nossa parte: «Esta língua ainda vai cumprir seu ideal». Porque bebe vinho tropical, é cantada por lindas mulatas, é rendilhada por cantares alentejanos, come sardinha e mandioca, navega no Tejo e no Amazonas, será uma grande língua mundial, ela que já junta oito pátrias, na expressão do saudoso João Carreira Bom.



3. Sendo feriado em Portugal nesta segunda-feira, dia 8, Ciberdúvidas só regressa às suas actualizações diárias na terça-feira, dia 9.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Devido ao feriado nacional do 1.º de Dezembro, em Portugal, Ciberdúvidas retoma as suas actualizações só na próxima terça-feira, dia 2.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Um consulente quis saber o que escolher, e porquê, entre uma gramática e um prontuário. Óptimo pretexto, este, para a Prof.ª Edite Prada discorrer sobre os dois outros elementos imprescindíveis para o aprofundamento do estudo da língua portuguesa: um bom dicionário, e ler-se, ler-se muito, especialmente os bons autores. Muitos deles, por sinal, temo-los na nossa Antologia, com textos ou poemas escritos, alguns deles especialmente para o Ciberdúvidas, em homenagem a esta nossa mesma língua, «última flor do Lácio, inculta e bela», nos celebrados versos de Olavo Bilac.

E fica tudo o resto de mais uma semana, que até deu para conhecermos a nova e bela palavra alusofonar, inventada algures na Suécia, por quem é obrigado a produzir textos e séries de palavras para a alfabetização conjunta com os seus alunos portugueses/brasileiros/cabo-verdianos de 6-7 anos, «evitando diferenças e optando preferencialmente por semelhanças».

Que melhor exemplo da permanente invenção da língua que nos une por este mundo fora?

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Um dia destes recebemos a seguinte mensagem da consulente Cecília Spatz: «Aqui na Alemanha, onde moro há dez anos, leciono português para crianças brasileiras e portuguesas e, para minha grande surpresa, algumas mães portuguesas desmatricularam seus filhos da escola assim que souberam que sou brasileira. Motivo? O Português falado no Brasil seria errado. [Proximamente,] teremos uma reunião de pais e mestre na escola para discutir a questão. Qual a opinião dos senhores em relação a problemas desta natureza?»

Independentemente do desenvolvimento ulterior deste caso(1), o que nos é solicitado encontra-se em linha sob o título O Português que se fala no Brasil. E leia-se, também, o que D’Silvas Filho escreveu em À volta da nossa língua comum, e o texto de Ida Rebelo, no ícone O Português na 1.ª Pessoa, Falar Português bem ou mal.

(1)Permita-se-nos estoutra sugestão: que nessa reunião se dê uma informação suplementar e se ouça um pouco de música. Ou seja:

a) Informem-se as mães dessas crianças portuguesas na Alemanha que, hoje, em Portugal, há já milhares de crianças brasileiras, filhas igualmente de emigrantes como elas, que andam na escola em Portugal, aprendendo com professores portugueses.

b) Depois, deliciem-se todos com uma canção de Chico Buarque ou de Caetano Veloso, escutem em silêncio um fado de Mariza, que é uma fadista portuguesa nascida em Moçambique – e sintam como o Português é um poema feito língua, que nasceu em Portugal e renasce todos os dias em África e no Brasil, ainda mais pujante ...

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Nas suas Teses sobre a Lusofonia, que temos em linha na rubrica O Português na 1.ª Pessoa, o reitor da Universidade Lusófona, Fernando dos Santos Neves, centra assim a nossa língua comum nessa sua reflexão sobre Portugal, a Europa e a Comunidade de Povos de Língua Portuguesa:

«Como projecto ou questão de língua, a Lusofonia tem de ser encarada, antes de mais, como a justa avaliação e a consequente valorização da Língua Portuguesa no mundo contemporâneo. Foi, aliás, neste sentido que, na minha Carta Aberta ao Presidente Lula, me permiti chamar a atenção para o facto de o Espaço Lusófono utilizar uma mesma língua, a qual, muito mais que a Última flor do Lácio, inculta e bela, segundo os famosos versos de Olavo Bilac, é hoje, objectivamente e segundo a não menos famosa profecia de Fernando Pessoa, "uma das poucas línguas universais do século XXI" (enquanto língua falada em todos os Continentes e com um grande País, o Brasil, seu falante), podendo tornar-se um instrumento inigualável de comunicação e de desenvolvimento entre os homens.»

E escreve de seguida o Prof. Fernando dos Santos Neves: «Assim entendida, a Língua Portuguesa poderá e deverá tornar-se uma das grandes (senão a maior das) riquezas de todos os Países e Povos da CPLP e todo o investimento na sua cultura e difusão aparece como o investimento mais inteligente e mais rentável.»

Infelizmente, ao contrário do que lucidamente advoga Fernando dos Santos Neves, não tem havido «o mínimo de inteligência (até económica), por parte dos Estados Lusófonos, sequer no assegurar [da] existência de Professores da Língua Portuguesa em todos os Espaços do Espaço Lusófono e no máximo possível de Espaços do Mundo Contemporâneo». Basta atentarmos no que, nesse âmbito, resultaram as recentíssimas viagens a Angola do primeiro-ministro de Portugal, Durão Barroso, e do Presidente do Brasil, Lula da Silva. Nada, confrangedoramente nada...



E – circunscrevendo-nos, apenas e agora, a África – é exactamente em África que ainda não se assumiu de forma plena a importância da Língua Portuguesa. Quer como elemento estruturante das identidades nacionais africanas, quer como factor imprescindível para o desenvolvimento económico (uma vez que o português é a língua do acesso aos saberes e à ciência). E até como agente de democratização dessas sociedades: sendo o português língua da administração pública, o seu desconhecimento constituirá sempre factor de marginalização.

Voltando às 11 Teses ... de Fernando dos Santos Neves: para quando o investimento suficiente e «inteligente» na difusão desta nossa «língua de oito pátrias», principalmente em África?

Por exemplo: qual a percentagem de falantes de português, hoje, na Guiné-Bissau?

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Na semana ora finda, fomos solicitados por um jovem consulente dos Açores, por causa de uma dúvida para um exercício que teria de apresentar na sua aula de Português. Outra veio de uma estudante de português como língua estrangeira na Colômbia. Finalmente, alguém no Brasil precisava de sugestões de bibliografia sobre a linguagem oral na aprendizagem.

São só três dos mais recentes casos ilustrativos do serviço público prestado por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa ao idioma de todos nós; ao idioma de Camões, de Machado de Assis e de Mia Couto.

Um serviço que, em circunstâncias como as que ficam atrás descritas, assume até funções de complementaridade do próprio sistema educativo de cada uma das oito pátrias desta nossa língua comum. Dos confins da Amazónia a África, de Timor a Macau. E, até, de algures na Colômbia. Ou de Paris, onde um nosso outro consulente quis saber mais sobre a origem dos sons /tch/ e /dch/ no Brasil.