1. A celebração do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, deu azo a que o 5.º centenário do nascimento de Camões ganhasse apelo e enorme projeção mediática. Entre o muito que se publicou sobre a efeméride, além dos registos já incluídos na Abertura de 11/06/2024, destaca-se ainda o conjunto de peças publicadas no jornal Público em 09/06/2024, à volta do legado de Camões em áreas da cultura e do ensino: "O mal de Camões é que, se durasse eternamente, ninguém mais escrevia" (entrevista ao professor universitário e escritor Helder Macedo), "Camões – uma poética de conjeturas", "O rei que amava os livros (e Camões)", "Retratos de Camões: da vera efígie às recriações românticas", "O ensino de Camões continua refém das sua 'versão oficial'" e "Camões ocupa um lugar único na memória colectiva”. Assinale-se igualmente o lançamento, em 16/06/2024, de uma nova biografia do Poeta, da autoria de Isabel Rio Novo e intitulada Fortuna, caso, tempo e sorte (Jornal de Notícias, 10/06/2024). Para uma visão ajustada do contributo camoniano para a língua portuguesa, cabe referir "Camões e os erros de ortografia", do tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves (Youtube, 13/06/2024). Mas, para aprofundar a questão, em O Nosso Idioma, transcreve-se com a devida vénia o estudo que Fernando Venâncio apresentou em 2017 em torno do impacto da linguagem literária de Camões e dos seus contemporâneos na história do léxico português*. Defende este investigador a tese «dum esforço quinhentista, implícito mas actuante, pela internacionalização do léxico português, iniciada pela apropriação de recursos castelhanos» (mantém-se a ortografia original), sublinhando que «essa apropriação foi abundante».
* In Ernestina Carrilho et alii, Estudos Linguísticos e Filológicos Oferecidos a Ivo Castro (Lisboa: Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 2019, pp. 1541-1560). O texto está também disponível na página de Fernando Venâncio na Internet e no Observatório da Língua Portuguesa. Na imagem, Retrato de Luís de Camões, de José Malhoa (1855-1933) – fonte: Wikipédia.
2. Se há cerca de 40 anos o uso do português em Moçambique parecia longe de extensivo e consolidado, as perspetivas atuais são animadoras, dado o enorme aumento de falantes, sobretudo em meios urbanos. Em Lusofonias, no sentido de compreender a situação do português e o funcionamento do seu ensino em Moçambique, a consultora Inês Gama entrevista a professora Marta Sitoe, investigadora e professora da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique). É um trabalho que se publica em duas partes, em que esta especialista aborda a complexa realidade linguística deste país africano.
3. A concordância do verbo ser tem subtilezas nem sempre redutíveis a regras sem exceção, como evidenciam duas questões feitas no Consultório: a propósito das festas de junho, dedicadas aos Santos Populares, pode dizer-se «Festas de Lisboa é na Madragoa»? E aceita-se «todos os dias é dia da criança»? A presente atualização é completada por mais cinco perguntas: qual é a origem do nome melancia? «Tenho a dizer» é galicismo? Cataclismo é sinónimo exato de catástrofe? A voz passiva em «fui sobrevoado» está correta? E, de regresso, uma dúvida recorrente: como é a colocação pronominal no português do Brasil?
4. A história da grafia escuteiro, em concorrência com escoteiro, e as diferentes interpretações culturais associadas às duas palavras são tema de um apontamento da consultora Sara Mourato, na rubrica O Nosso Idioma.
5. A data de 14 de junho marca o começo do campeonato de futebol europeu, o Euro 2024, organizado pela UEFA e que se realiza na Alemanha até 14 de julho. Recorde-se que UEFA é um acrónimo formado pelas iniciais da denominação em língua inglesa Union of European Football Associations, o mesmo que União de Associações de Futebol, em português, cujas siglas – UAFE – não parecem ter tido alguma vez popularidade.
A respeito da linguagem do futebol, consultem-se os seguintes conteúdos: "Futebolês", "Futebolês, outra vez", "Viva o futebolês!"; "Viagem pelo futebolês mais desregrado"; "O dialeto luso em futebolês"; Incidências do futebolês"; "O plural da palavra futebol"; "O vocábulo coletivo em relação a uma equipa de futebol"; "A intensificação da linguagem do futebol".
6. Registos da atualidade direta ou indiretamente relacionada com a língua portuguesa: o Curso de Aperfeiçoamento em Língua Portuguesa promovido pelo Centro Educativo de Língua Portuguesa na Guiné-Bissau; a Semana da Língua Portuguesa, de 11 a 14/06/2024 na Universidade Livre de Berlim (RTP Notícias, 11/06/2024); o apontamento que o tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves dedicou no canal Pilha de Livros às palavras raras (Youtube, 12/06/2024); o papel que a escola pode ter na utilização da Inteligência Artificial, na perspetiva de Marco Bento, investigador em Tecnologia Educativa e professor na Escola Superior de Educação de Coimbra (entrevista incluída no jornal Público, 13/06/2024).
7. Quanto a três dos programas que versam sobre temas e tópicos do português na rádio pública de Portugal:
– em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 14/06/2024, 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), a professora Sandra Duarte Tavares define a expressão «comunicação assertiva», define a diferença entre os termos positividade e positivismo e comenta a função dos pleonasmos num texto;
– em Páginas de Português (Antena 2, domingo, 16/06/2024, 12h30*; repetido no sábado seguinte, 22/06/2024, 15h30*), João Pedro Aido, vice-presidente da Associação de Professores de Português, analisa a prova de aferição de Português do 8.º ano de escolaridade em Portugal, Joana Batalha (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) aborda a questão da variação linguística na educação e a professora Carla Marques fala sobre o advérbio nunca.
– e mencione-se ainda o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
*Hora oficial de Portugal continental.
8. A próxima atualização fica agendada para 21 de junho. Como sempre, mantém-se o livre acesso ao vasto arquivo do Ciberdúvidas, cujo Consultório conta atualmente com mais de 38 000 respostas, a que acrescem os conteúdos das demais rubricas (Na 1.ª Pessoa, Atualidades, Montra de Livros) com mais de 6000 artigos.