O conceito de correção está ligado àquele modo de uso da língua com prestígio social de cultura.
Para determinar a norma linguística indicadora de alta cultura, é preciso verificar os usos praticados por pessoas cultas da sociedade, isto é, pessoas com elevado grau de letramento e cultura, as quais usam a língua num alto nível de qualidade, sobretudo na modalidade escrita. A partir desses usos, determina-se a norma tomada socialmente como "correta", isto é, aquela norma a ser empregada em contextos comunicativos mais monitorados. Assim é que se extrai e se sistematiza o emprego modelar da língua, a norma-padrão, que passa a servir qual modelo de uso supradialetal em situações especiais de comunicação (em geral, naquelas com maior grau de formalidade e polidez).
Dito isso, os gramáticos normativos, responsáveis por sistematizar a exemplaridade da língua de referência, detectaram que nessa norma, a ênclise é a colocação de rigor quando o clítico vem acompanhado de verbo no imperativo: «Por favor, deixe-me viver!». Soma-se a isso o fato de, após vírgula marcadora de pausa evidente, a ênclise também ser a colocação de rigor na norma-padrão.
Entretanto, na norma popular da variedade brasileira do Português, espelhada naturalmente na fala espontânea/coloquial, usa-se «Por favor, me deixe viver!».
Desse modo, se você (brasileiro) quiser empregar a norma-padrão na fala do dia a dia, use a ênclise. Se quiser a norma popular, use a próclise. Tudo vai depender do contexto de uso da língua – se mais formal, ênclise; se menos formal, próclise.
Sempre às ordens!