A construção «ter a» + infinitivo tem uso mas a sua legitimidade parece não ser consensual.
É uso equivalente a «ter que», i. e., veicula a ideia de dar uma informação sobre o que o emissor possui ou tem em mão, como defende Francisco Fernandes, no Dicionário de Verbos e Regimes.
Quanto ao facto de ser um ponto de controvérsia, a consultora Edite Prada apresentou em 2003 mais duas referências que discutem esta construção:
1. A primeira referência aparece na 3.ª edição do Prontuário Ortográfico da Língua Portuguesa de Xavier Roberto e Luís de Sousa, onde os autores consideram o uso de «ter a» inaceitável, classificando-o como um galicismo, e recomendam a substituição por «ter que».
2. No Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem de Rodrigo de Sá Nogueira afirma-se sobre «ter a»: «… temos diante de nós um galicismo tão enraizado que não creio ser possível bani-lo da língua.»
A mesma consultora concluia que a expressão «ter a» + infinitivo, apesar de seu uso contínuo (há muitas ocorrências no Corpus do Português de Mark Davies), não tem sido amplamente aceite. Enquanto Rodrigo de Sá Nogueira admite a sua incorporação à língua devido ao uso generalizado, os outros autores mantêm reservas quanto à sua aceitação, já que não a referenciam.