1. Em Lisboa, de 13 a 16 de novembro, tem lugar mais uma edição da Web Summit – «apesar das controvérsias, apesar dos boicotes», como observou um visitante brasileiro, em português (ver e ouvir apontamento da RTP Notícias, em 13/11/2023). O encontro tem projeção internacional e visa a inovação tecnológica e os seus negócios, áreas cuja língua veicular é geralmente o inglês. Mas, e apesar das promessas de promoção linguística, o facto é que o idioma da cidade anfitriã, continua a primar pela discrição e até mesmo pela ausência. Basta visualizar as páginas da plataforma digital do evento.
À volta das Web Summit, realizadas em Lisboa desde 2016, sugere-se a leitura dos seguintes conteúdos: "Web Summit, start-up e feature:como usar em português?", "10 novas respostas no consultório do Ciberdúvidas, a Web Summit 2017 e (um)a Urban Beach à beira-Tejo", "Uma Web Summit que angliciza Lisboa", "Falar do futuro pós-pandemia, o termo orçamento, o conceito de língua materna e sobre a Web Summit 2021 em Lisboa", "A dinâmica do idioma no Brasil, a glotofobia, uma vírgula de Sophia, o fruto pera-melão e o pluricentrismo no ensino da língua", "A evolução de plafom, o cinema no Cuidado com a Língua!, a invasão linguística da Web Summit e os alertas de Jorge de Sena".
2. A pressão do inglês exerce-se, por exemplo, através dos falsos amigos, que mesmo falantes bilingues experientes deixam inadvertidamente escapar. No Pelourinho, ilustra-se esta situação com a tradução errónea do inglês casualty («vítima, baixa») por casualidade, nos comentários em direto sobre a guerra de Gaza num canal de televisão em Portugal. O consultor Paulo J. S. Barata regista e esclarece a confusão.
3. A frase «comprou um presente para levar para a festa» estará incorreta? Repetir palavras na mesma frase, como é o caso de para no exemplo, é erro de gramática? No Consultório, responde-se a esta dúvida e a mais sete, num total de oito novas respostas abrangendo os seguintes tópicos: as orações coordenadas copulativas, o adjetivo educativo, o uso de entender + por («entender pela prorrogação»), os nomes frei, freira e sóror, o apelido Charneco, o topónimo Timpeira e o momento da resolução num conto de Eça de Queirós.
4. Em O Nosso Idioma, a confusão frequente mas evitável entre as preposições sob e sobre é o tema de um apontamento da professora Carla Marques. Na mesma rubrica, os tratamentos honoríficos usados no foro jurídico motivam um texto do jurista Miguel Faria de Bastos, que, no final, menciona o conceito de heterarquia; e, a propósito deste termo e da sua transposição para os media, inclui-se um artigo de 2008, do jornalista Carlos Castilho, que define heterarquia como «uma forma de trabalho coletivo onde não há um superior e nem uma agenda ou método imposto de cima para baixo, por meio de chefias hierarquizadas».
5. Moçambique é um país multilingue, onde, além do português, coexistem muitas outras línguas predominantemente do ramo bantu da família linguística Níger-Congo. Como lidam as autoridades e as comunidades académicas com esta diversidade? Em Lusofonias, transcreve-se, com a devida vénia, o artigo que, publicado no Diário de Notícias (13/11/2023), a professora universitária e linguista Margarita Correia dedicou às políticas linguísticas de Moçambique.
6. Nas Notícias, dá-se conta do projeto FLIPP, ao qual se associa uma plataforma de ferramentas e cursos que visam a transformação digital das escolas. Trata-se de uma iniciativa com a participação de equipas académicas da Turquia, Grécia, Kosovo, Itália e Portugal, no âmbito do programa europeu Erasmus+. Entre os cursos disponíveis, destaca-se o contributo da representação portuguesa, intitulado "Introdução à sala de Aula Invertida", com coordenação de Helena Belchior-Rocha, professora auxiliar do Iscte.
7. Outros registos da atualidade, a respeito da língua portuguesa:
– Foi reeditada a primeira revista de culinária de língua portuguesa – Annona ou Misto Curioso –, que teve 36 fascículos entre 1836 e 1837.
– Para responder às necessidade do ensino do português no seu país, o embaixador da Guiné Equatorial em Portugal pede a criação de um corpo próprio de docentes no seio do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (ver Correio da Manhã, 12/11/2023).
– Salientam-se igualmente as declarações da linguista Margarita Correia, defendendo que as crianças da Guiné-Bissau devem ser escolarizadas em crioulo e aprender o português como língua estrangeira, de modo a elevar o nível de literacia e contribuir para o desenvolvimento pessoal e social guineense (País ao Minuto, 13/11/2023).