Em termos gerais, o complemento oblíquo é uma função sintática exigida pelo verbo, que necessita desse complemento para completar a sua significação, ao passo que o modificador é uma função sintática que não é selecionada pelo verbo. Por essa razão, o complemento oblíquo não pode ser omitido da frase ao passo que o modificador pode ser eliminado. Veja-se a frase seguinte:
(1) «O João foi a Paris ontem.»
Nesta frase, o constituinte «a Paris» é pedido pelo verbo e não pode ser eliminado porque a frase ficaria agramatical. Por seu turno, o constituinte ontem pode ser retirado da frase sem comprometer a sua gramaticalidade, o que indica que tem a função de modificador do grupo verbal.
Vários testes podem ser utilizados para identificar o complemento oblíquo:
(i) Distinguir complemento oblíquo de complemento direto ou de complemento indireto
─ O complemento oblíquo não pode ser substituído pelo pronome -o (o que indica que não tem a função de complemento direto)
─ Não pode ser substituído pelo pronome -lhe (o que assinala que não tem a função de complemento indireto)
(ii) Distinguir complemento oblíquo de modificador do grupo verbal
Para distinguir estes dois constituintes, pode usar-se o teste pergunta-resposta. Trata-se de pergunta com a estrutura «O que é que + Sujeito + verbo fazer + constituinte da frase + ?», que mostra qual o constituinte com função de modificador, pois este será o único que poderá ficar na pergunta. Veja-se o exemplo a partir da frase (1):
(1a) P: «O que é que o João fez ontem?»
R: «Foi a Paris.»
(1b) P: «O que é que o João fez a Paris?»
R: «*Foi ontem.»
O facto de em (1b) a pergunta e a resposta não serem possíveis mostra que não se pode separar o verbo ir do constituinte «a Paris», porque este é seu complemento. Já o constituinte ontem pode ser separado do verbo, indo para a pergunta, porque o verbo não precisa dele, não o seleciona.
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.