Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por José Manuel Matias/José Mário Costa

1. A Expolíngua 2003 de Madrid, que está a decorrer até este domingo, 23, reveste-se, este ano, de primordial importância. Pela primeira vez, a organização não convidou um país, mas uma língua. Precisamente a Língua Portuguesa. Por isso, pela primeira vez, também, houve uma acção concertada de todos os países da CPLP no grande evento cultural da capital espanhola. Só se espera que, doravante, todos eles assumam, definitivamente, a defesa da nossa língua comum nos principais areópagos internacionais. E que, brevemente, tenhamos o Português como língua de trabalho nas Nações Unidas.



2. Entretanto, em Portugal ainda há entidades com responsabilidades públicas, como a Federação Portuguesa de Futebol, a remar em sentido contrário. Quinas, a mascote para o Euro-2004, transmudou-se para Kinas a fim de …«poder ser mais facilmente legível pelos estrangeiros». A este propósito, o jornalista Manuel Tavares escreveu um delicioso editorial no jornal “O Jogo”, que ficou em linha na rubrica O Português na 1.ª Pessoa.

3. Na mesma rubrica, fica também em rede, a partir desta data, um novo texto de Ida Rebelo: Os “maquisards” da língua.





4. Um registo final sobre o falecimento, na semana que ora passa, da escritora portuguesa Maria Ondina Braga e da professora universitária de ascendência belga Andrée Crabbé Rocha. A primeira foi uma contista emérita, cuja obra segue o rasto da nossa língua comum: China, Goa, Luanda... A segunda destacou-se como uma brilhante professora de Literatura Portuguesa Contemporânea (casada com esse outro grande escritor de língua portuguesa, também já falecido, Miguel Torga).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

A Antologia do Ciberdúvidas tem novo texto do escritor angolano José Eduardo Agualusa. O primeiro texto fora escrito em 1997 para o Ciberdúvidas, inspirado no facto de escritores portugueses, num evento cultural em França, sobre literatura e música dos países de língua portuguesa, terem feito as suas intervenções em francês. Nesse texto, Agualusa recorria à sua conhecida ironia: «Por mais que me esforce, não consigo imaginar um congresso sobre literatura francófona, em Lisboa, durante o qual toda a gente fale em português. Custa-me até imaginar o mesmo congresso, em Londres, a decorrer apenas na língua inglesa...» Pois é, somos assim: mesmo entre nós, quantas vezes somos os primeiros a prescindir da nossa língua?...

A propósito da nossa língua comum, na próxima semana, entre 20 e 23 de Março, decorrerá em Madrid a Expolíngua, que este ano é dedicada ao Português. A Língua Portuguesa irá estar em força. O ministro da Educação do Brasil participará num colóquio intitulado "Língua Portuguesa, Língua Estratégica". Participarão ainda neste colóquio o secretário executivo da CPLP e representantes dos países africanos de língua oficial portuguesa e de Portugal. Haverá ainda outros colóquios, como "Língua Portuguesa, língua de escolarização", com a presença da ministra da Educação de S. Tomé e Príncipe, e "Língua Portuguesa e Línguas Nacionais", com intervenção da embaixadora de Timor em Lisboa.

A participação portuguesa será ainda alargada ao deputado e poeta Manuel Alegre, no painel "Língua Portuguesa, Língua de Culturas", juntamente com os escritores Odete Semedo, da Guiné-Bissau, do poeta e eurodeputado português Vasco da Graça Moura, e do escritor e adido cultural português em Madrid, João de Melo.

Finalmente, o Instituto Camões apresentará nesta ocasião, em Madrid, o Observatório da Língua Portuguesa, um instrumento imprescindível sobre a situação da língua portuguesa no mundo. Pela primeira vez, todos os países lusófonos participam num acontecimento internacional desta envergadura para a promoção da Língua Portuguesa. Um dia, quem sabe?, o Ciberdúvidas também estará em condições de associar-se, "in loco", a eventos como este da Expolíngua, em prol da afirmação internacional da Língua Portuguesa...

Outra boa notícia desta semana que ora termina é o anteprojecto da futura lei do cinema, a favor de quotas mínimas de filmes portugueses exibidos nas salas de cinema em Portugal.

Quanto ao Ciberdúvidas propriamente, é só calcorreá-lo de uma ponta a outra e regalarmo-nos, todos, com a vitalidade desta nossa língua de oito pátrias, como lhe chamou um dia João Carreira Bom...

Por José Manuel Matias

O ministro da Cultura do novo Governo brasileiro, o compositor/cantor Gilberto Gil, deu uma excelente entrevista ao jornal português “Público”, onde ressalta o seguinte sobre a Língua Portuguesa: a) que ela é o principal tesouro e acervo que permanece nos novos países africanos e no Brasil, fruto das navegações portuguesas; b) que ela diz respeito a todos os povos que se exprimem hoje em português, com o Brasil assumindo as suas responsabilidades acrescidas, em especial para com os países de África, onde mantém vivas as conhecidas solidariedades e cumplicidades históricas; e c) que, daí, a nova política externa cultural brasileira passa pela aproximação, aprofundamento e, até, pela prioridade para com a África lusófona.

Este é, sem dúvida, um discurso absolutamente novo do ministro da Cultura do Brasil, que não pode deixar de alimentar as mais amplas expectativas. O espaço da lusofonia tem de se afirmar essencialmente pelas cumplicidades culturais. Os seus países, ao contrário dos países dos outros espaços linguísticos – nomeadamente os da francofonia e da anglofonia –, são todos eles economicamente periféricos no mundo. A sua afirmação só poderá ser cultural: pelo cinema, pela literatura, pela música. Sem as multinacionais que não temos, é a língua, como diz Gilberto Gil, o principal tesouro que nos une e nos projecta.

Mas esta língua comum – citando de novo Gilberto Gil –, dizendo respeito a todos os povos que a falam, e a nenhum em exclusivo, carece de outra vontade política. Por isso é tão importante vermos o Brasil assumir-se como responsável integrante da língua portuguesa.

Chegou pois a hora de Portugal, o Brasil e os países africanos, através do Instituto Internacional da Língua Portuguesa ou pelas vias diplomáticas julgadas mais convenientes, juntarem esforços no sentido de a Língua Portuguesa vir a ser efectivamente estratégica no século XXI. Ou seja, chegou a hora de uma política da língua finalmente concertada. Em várias frentes, qual delas a mais prioritária: para o reconhecimento como língua oficial do sistema das Nações Unidas; com programas comuns de Portugal e Brasil para a expansão do Português nos países de expressão castelhana da América Latina; e com programas comuns de Portugal, mais os países africanos e o Brasil, pela expansão do Português em África, de modo a fazer-se de cada guineense, de cada moçambicano, de cada angolano, de cada cabo-verdiano e de cada são-tomense um falante de Português.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Ciberdúvidas fica hoje mais enriquecido com um texto sobre a Língua Portuguesa, da autoria do ensaísta Eduardo Lourenço. Embora não se trate de um texto inédito e tenha sido escrito há alguns anos, foi amavelmente oferecido ao Ciberdúvidas pelo autor, mantendo pertinente actualidade.

«Uma língua não é um dom do céu, destinado à vida eterna, mas um tesouro que deve ser defendido da usura do tempo e das pretensões das outras a ocupar os espaços sem defesa», escreve Eduardo Lourenço, numa síntese feliz do que é, afinal, a razão de ser deste nosso sítio na Internet.

Ou seja, e socorrendo-nos de novo do pensamento de Eduardo Lourenço: encarando a Língua Portuguesa como essência histórica dinâmica, rejeitando os que defendem a sua imutabilidade, reafirmamos a necessidade absoluta de a defender das "violências" que sofre e das «pretensões das outras [línguas] a ocupar os espaços sem defesa».

A nossa colaboradora Margarita Correia aborda de certa forma esta questão na rubrica O Português na 1ª Pessoa, num notável texto sobre os dicionários e a sua capacidade de resposta ao sistema dinâmico dos léxicos de uma língua como a nossa.

Esta semana mais dois textos interessantes entraram em linha no Ciberdúvidas, e que demonstram a vitalidade deste projecto.

Uma consulente quis saber como se estrutura um ensaio. Não é uma dúvida sobre a Língua Portuguesa – estando, por isso, fora do âmbito do Ciberdúvidas. Decidimos porém responder a essa pergunta, a título excepcional – e muito graças à disponibilidade do Professor Luiz Fagundes Duarte, com cuja prestigiada colaboração voltámos a poder contar.

O outro texto que recomendamos foi-nos enviado pelo consulente André Azevedo, sobre o linguajar uberabense. Vale a pena lê-lo na Diversidades – assim como o comentário que nos enviou a esse propósito, também do Brasil, a nossa consultora Ida Rebelo –, numa viagem única, guiada pela língua portuguesa, até Minas Gerais e às suas maravilhosas cidades construídas pelos luso-brasileiros do século XVIII .

Por último, uma referência à resposta de Ida Rebelo ao consulente Lourenzo Salvioni, no Correio, a propósito do texto Falar Português bem ou mal. Que outra língua mobilizaria assim um italiano em sua tão apaixonada defesa?

Afinal, é esta mesma língua que, face ao processo de consolidação e de integração económica do Mercosul, conheceu uma enorme procura na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, na correspondente proporção do Espanhol no Brasil. Com a (grande) diferença de o Estado espanhol ter investido tanto no Brasil pela língua de Cervantes como Portugal no mundo inteiro pela língua de Camões…



P.S. – Ciberdúvidas volta à sua actividade diária depois do Carnaval, quarta-feira, dia 5 de Março.

Por José Manuel Matias

Um consulente do Ciberdúvidas assistia pela televisão à última reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ficou chocado com o facto de o representante de Angola ter feito a sua intervenção em Inglês. Com a agravante, para ele, de os representantes do México, do Chile, de Espanha, da Rússia, de França, da Guiné-Conacri, da China, do Iraque, dos Estados Unidos e do Reino Unido haverem feito as suas intervenções nas respectivas/respetivas línguas nacionais. Facto/fato estranho, mas… perfeitamente normal.



Como outro consulente logo se apressou em esclarecer, o Português não é língua de trabalho das Nações Unidas, ao contrário do Árabe, do Chinês, do Espanhol, do Francês, do Inglês e do Russo. Portanto, o diplomata angolano só poderia intervir numa língua de trabalho das Nações Unidas. Escolheu o Inglês. Poderia tê-lo feito em Chinês. Certamente não saberá falar Chinês.



A questão de fundo a reflectir/refletir é a seguinte: porque é que o Português não é língua de trabalho nas Nações Unidas? Porque os critérios de selecção/seleção foram de natureza essencialmente política, não reflectindo/refletindo a importância das línguas no contexto do mundo de hoje. As Nações Unidas e o Conselho de Segurança surgem na sequência da geopolítica saída da II Guerra Mundial. Os seus vencedores, a China, os Estados Unidos, a França, o Reino Unido e a antiga URSS, hoje Rússia, integraram, como membros permanentes, o Conselho de Segurança. As suas línguas, isto é, o idioma de cada um dos vencedores, prevaleceram como as línguas de trabalho na então nascente ONU. O Alemão e o Japonês nunca poderiam ter sido escolhidas. Estes países – espanto dos espantos – ainda hoje são designados como países inimigos pela Carta das Nações Unidas…



A par das línguas dos países vencedores do último grande conflito mundial, foram ainda escolhidos o Espanhol e o Árabe. É sempre bom ter países árabes no leque de países amigos. O petróleo era essencial para alimentar as indústrias norte-americanas e europeias/européias e, por outro lado, era de bom tom dar voz aos países emergentes do chamado Terceiro Mundo. O Árabe era língua de uma série de países nestas circunstâncias. Quanto ao Espanhol pesou a sua própria relevância e, também, o empenho nesse sentido das autoridades de Madrid.



Este cenário geopolítico e linguístico está ultrapassado. As línguas, hoje, têm de valer pelo que representam no mundo da ciência, da cultura, da arte e da economia. E, não restam quaisquer dúvidas, a Língua Portuguesa tem hoje mais expressão nestes domínios do que algumas línguas de trabalho das Nações Unidas.



Uma pergunta final. Que estratégias têm os Estados lusófonos, a começar pelo português, e o próprio Instituto Internacional da Língua Portuguesa, para promoverem o Português no seio das organizações internacionais?

Por José Manuel Matias

O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) foi criado em 1 de Novembro de 1989 por iniciativa do então Presidente do Brasil, José Sarney, em S. Luís do Maranhão. Estiveram presentes na cerimónia inaugural os chefes de Estado de Portugal e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, com excepção de Angola que se fez representar. Esta presença significativa de Presidentes demonstra o reconhecimento da importância e projecção da Língua Portuguesa no mundo. Segundo os seus estatutos, o IILP é o organismo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que tem por objectivos fundamentais «a promoção, a defesa, o enriquecimento e a difusão da Língua Portuguesa como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico, tecnológico e a utilização oficial em fóruns internacionais». Infelizmente, as expectativas então criadas goraram-se. O IILP esteve, mais ou menos, em letargia durante estes anos todos. Os objectivos inicialmente propostos nunca se concretizaram.

Acaba de ser nomeada sua directora executiva, a cabo-verdiana Ondina Ferreira, que já foi ministra da Educação e Cultura no seu país. Ondina Ferreira concedeu uma entrevista ao “Jornal de Letras” do dia 5 transacto, na qual ressalta questões que deverão suscitar a reflexão de todos nós. Diz a nova directora executiva que o IILP «será sempre aquilo que os Estados-membros da CPLP desejarem que ele seja». E embora, ao longo da entrevista, se reconheça existirem projectos válidos e a capacidade e competência de parte da nova Direcção do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para os realizar, é ela própria a manifestar «a sensação [de] que o IILP ainda não é prioridade para as questões da Língua Portuguesa no espaço dos Oito». Este facto é grave, porquanto muitos projectos que o IILP pretende levar a cabo são importantes para os países da CPLP e eles próprios não teriam por si condições de os realizar.

Dos projectos em curso ou em perspectiva, a nova directora executiva do IILP refere os seguintes: estabelecer quantos falam, escrevem e se expressam em português nos oito países lusófonos; determinar o estado actual da língua portuguesa no mundo, em colaboração com outros organismos internacionais; finalmente, anunciou um projecto ambicioso que se chama “É Bom falar Português”, dirigido às escolas, à comunicação social e à comunidade de falantes de português, de acordo com as orientações saídas do seminário “Para a edificação do IILP”.

Projectos importantes, sem dúvida, e que merecem o aplauso geral. Mas acaso estará o IILP estruturado e com recursos financeiros capazes para assegurar a realização e o sucesso desses tão ambiciosos projectos? Pela Língua Portuguesa, esperemos que os membros da CPLP o coloquem finalmente na primeira linha das suas prioridades.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

1. Sobre o falecimento de José Craveirinha, outro poeta moçambicano, Luís Carlos Patraquim, escreveu no “Público”: «É uma figura tutelar da literatura africana de língua portuguesa [que] inseriu no texto a sua condição híbrida ao cantar épica e liricamente um país que havia de nascer. Entendo este hibridismo não só no sentido rácico do termo mas de experimentação da língua. Tendo como línguas maternas o ronga e o português, ele faz desse hibridismo uma proposta poética nova (…) com profundas raízes na cultura africana.». Que outra língua se reclama assim da pujante miscigenação dos seus maiores cultores?



2. Vários consulentes têm-nos enviado sugestões e críticas para a melhoria do grafismo e da pesquisa do Ciberdúvidas. Lamentando não podermos ser mais céleres, como tanto desejaríamos, fica no entanto a boa notícia: neste segundo mês do regresso do Ciberdúvidas, começaremos a introduzir graduais melhorias para a sua tão reclamada «simbiose entre a forma e o conteúdo».

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

Depois de José Saramago, Ciberdúvidas põe em linha um belíssimo poema do grande poeta moçambicano José Craveirinha. José Craveirinha, filho de um português do Algarve e de uma moçambicana, combateu o regime colonial, sofreu as agruras da prisão durante anos (aliás, parte da sua poesia foi criada na prisão). A poesia de Craveirinha é um símbolo de moçambicanidade e há quem o considere como o poeta nacional do seu país, no sentido em que Camões o é para os portugueses. A moçambicanidade da poesia de Craveirinha afirma-se no plano simbólico e no da própria língua portuguesa. A fonética, a sintaxe e a semântica da sua poesia é língua portuguesa moçambicana («as palavras rongas e algarvias ganguissam [namoram em ronga]/ e recombinam o poema»). O poema surge do namoro entre o português e o ronga. Só um poeta como Craveirinha registava assim a aventura das línguas em contacto/contato: o contacto enriquecedor contra a imposição hegemónica de uma língua, tão sufocante nos tempos que correm.



Depois da poesia de José Craveirinha, surgirá no Ciberdúvidas um texto do ensaísta português Eduardo Lourenço. A seu pedido, só a partir de Fevereiro o teremos no Ciberdúvidas. Seguir-se-ão textos de grandes nomes das letras e do pensamento brasileiros e africanos.



Um artigo da presidente da Sociedade da Língua Portuguesa sobre o projecto de revisão curricular do português no ensino secundário em Portugal encontra-se desde ontem no Ciberdúvidas, na rubrica O Português na 1.ª Pessoa. É um contributo para o grande debate actualmente em curso deste lado do Atlântico sobre a subalternização da Literatura Portuguesa nas escolas nacionais, de que Ciberdúvidas não poderia alhear-se.

Por José Manuel Matias/José Mário Costa

1. Todos os anos, por esta altura, o mundo polariza-se a duas vozes: em Davos, na Suíça, entre os representantes dos países mais poderosos; e em Porto Alegre, no Brasil, entre os que reclamam uma nova ordem internacional, a começar por uma outra relação entre ricos e pobres. São vozes distintas (se não mesmo antagónicas) sobre este mundo que habitamos, mas com um voz nova a pôr em ligação Davos e Porto Alegre, como nunca antes acontecera na história das duas cimeiras. Ainda por cima, uma voz em língua portuguesa, a do novo Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva. Nestes dias que correm, somos todos brasileiros.



2. Estejamos mais próximos de Davos ou de Porto Alegre, nenhum lusófono deixará de se orgulhar de quem não abdica da nossa língua comum para se fazer ouvir nas duas metades do planeta. Num mundo cada vez mais uniformizado, com o exemplo do novo Presidente do Brasil exerce-se o direito inalienável de os povos usarem a sua língua, pelo seu ensino generalizado e competente e, essencialmente, pelo direito a uma presença equitativa das línguas nos meios de comunicação social. Uma lição para Portugal, em cuja rádio e televisão ouvimos mais bandas musicais medíocres em língua inglesa do que, por exemplo, o poeta, cantor e actual ministro da Cultura brasileiro, Gilberto Gil.



3. Nesta língua, que nos distingue, tem-se destacado a voz do filósofo e pensador português Eduardo Lourenço. É com muito orgulho que, depois do Nobel da Literatura José Saramago, enriquecemos a Antologia do Ciberdúvidas com um texto especialmente escrito pelo celebrado autor do “Labirinto da Saudade”. Entrará em linha para a semana.





4. Desde o dia de hoje, o serviço que Ciberdúvidas presta em prol da língua portuguesa, do livro e dos autores lusófonos passa também a ser partilhado pelos assinantes da televisão interactiva da TV Cabo de Portugal. É um protocolo que só agora se pôde concretizar, por razões técnicas, e que fora alinhavado ainda em vida de João Carreira Bom, graças ao entusiasmo da direcção da TV Cabo.



5. Para acabarmos a semana com chave de ouro, conseguimos finalmente resolver a dúvida mais complicada que nos foi mais vezes colocada desde o regresso do Ciberdúvidas: a origem e significado histórico-linguístico da expressão «saco azul». Chegámos, quase todos, a desistir, a ponto de havermos apelado à participação dos nossos consulentes (o que veio a acontecer com muitos deles, o que desde já muito agradecemos). A verdade é que houve alguém da equipa do Ciberdúvidas que nunca desistiu: a nossa consultora dr.ª Maria Regina Rocha. Foram três semanas de aturadas investigações, tributárias de toda a nossa admiração e reconhecimento.

Por A Direcção da Sociedade da Língua Portuguesa

Quinze dias depois do regresso do Ciberdúvidas estamos satisfeitos com o trabalho que temos realizado, embora cientes que muito ainda há por fazer. Continuamos a receber mensagens de apreço vindas de todo o mundo. Do Brasil, da China, da Croácia, dos EUA e obviamente de Portugal.Cf. Correio

Da Califórnia, um lusofalante escreve-nos: «Aqui, onde vivo há muitos anos, sou um acérrimo defensor da língua de Camões, (...) lutando contra a introdução de palavras estrangeiras, muitas vezes mal pronunciadas e por vezes até fora do contexto.» Esta mensagem recorda um dos grandes objectivos que nos propusemos quando do regresso do Ciberdúvidas: que fôssemos um espaço de reflexão sobre a Língua Portuguesa e um espaço de solidariedade e um símbolo de fraternidade de todos os falantes de português. Há também muitas mensagens nesse sentido.

Estamos igualmente felizes por continuarmos o trabalho iniciado pelos jornalistas João Carreira Bom e José Mário Costa e esperamos que o Ciberdúvidas continue a merecer o interesse que sempre teve dos amantes da Língua Portuguesa.

Rendemos homenagem especial a Carreira Bom pelo seu espírito mecenático, entusiasmo e enorme amor por esta língua de oito pátrias, transformando o Ciberdúvidas num espaço planetário na união dos países lusófonos.

Queremos imprimir uma nova dinâmica ao Ciberdúvidas e dentro de pouco tempo haverá significativos melhoramentos do ponto de vista do acesso e do próprio "design". O ícone Diversidades será substancialmente melhorado com conteúdos novos que mostrarão as diversas variantes do português no mundo e possivelmente ilustradas com som.

O mínimo que podemos assegurar é que nada nos fará desfalecer para darmos continuidade a este projecto com espírito de renovação e atitude científica.