No estudo da toponímia do Norte de Portugal podem considerar-se fundamentalmente três tipos de nomes de lugar:
1 – Os nomes pré-romanos: Braga, (rio) Ave, (rio) Lima, (rio) Minho.
2 – Os nomes comuns de origem parcial ou totalmente latina ou romance que designam aspectos do terreno ou do território: Porto, Bustelo (diminutivo de busto, «pasto de Verão; rebanho»), Medelo (diminutivo de meda <‘meta’, «coluna», «cone»).
3 – Os nomes derivados dos indivíduos (presores) que tomaram posse das terras durante o período obscuro da primeira fase da Reconquista; estes nomes são, na sua maioria, de origem germânica, especificamente, gótica: Guimarães < ‘(villa) Vimaranis’ (a ‘villa’ de Vimara); Gondomar < ‘(villa) Gundemari’ (a ‘villa’ de Gundomarus).
Os exemplos dados pelo consulente pertencem aos tipos 2 e 3. Assim:
– Bustelo e Trofa são também substantivos comuns: bustelo tem o significado acima indicado, e trofa designa uma «coroça» (isto é, «uma capa de junco»), segundo José Pedro Machado, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, ou uma «palhoça» (cf. Joseph-Maria Piel, Estudos de Linguística Histórica Galego-Portuguesa, p. 77). Há muitos Bustelos também na Galiza, enquanto Trofa é característico do Entre Douro e Minho, chegando ainda a Aveiro.
– Gondomar surge no Norte português e na Galiza. Deriva de um nome próprio, típico da Alta Idade Média, ‘Gundemarus’ (mais precisamente do seu genitivo, ‘Gundemari’), constituído pelas palavras góticas "gunthi" (luta) e "marhs" (cavalo). Em conclusão, a toponímia do Norte de Portugal reflecte uma sociedade profundamente rural, muito ligada aos começos da Reconquista. Outro aspecto é a profunda afinidade desta zona com a Galiza, formando as duas uma grande área toponímica de características bem marcadas na Península Ibérica.