Em princípio, trata-se efetivamente do diminutivo de cancela, se não houver documentação antiga que apresente uma forma diferente que possa ter sofrido deturpação, convergindo com o referido vocábulo. Pode também acontecer que os vocábulos cancela e cancelinha tenham começado a ser aplicados como topónimos em época em que não tinham o significado atual mais corrente («portão ou porta gradeada»).
A. de Almeida Fernandes, em Toponímia Portuguesa. Exame a um Dicionário (1999), criticando a etimologia proposta por José Pedro Machado, no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (2003), considera o seguinte:
«[...] estas palavras devem ter designado uma área agrícola delimitada (por cancellatio [delimitação de campos], se remotamente, como deve ter sido na maioria dos casos, sobretudo, nortenhos, mas, também no Sul por transporte da designação nos séc. XII-XIV). Uma forma de metonímia: os limites, ou melhor, a delimitação, considerada (na área delimitada), tendo passado para o tracto agrícola.»
Em suma, Cancela e Cancelinha não são topónimos raros em Portugal. Alguns casos terão que ver com um antigo uso de cancela, que, na Idade Média, podia significar «extensão, terreno agrícola». Será talvez Cancelinha um exemplo, mas para uma confirmação, seria necessária documentação antiga referente à região de Matosinhos, à qual não se teve aqui acesso.