Ignora-se o significado etimológico da forma Cidnay, que será uma das variantes de Cidenai ou Sidenai, formas que ocorrem em documentos, pelos menos desde o século XVI.
Certos autores consideram que é o nome mais antigo de Santo Tirso, conforme se pode confirmar pela leitura da seguinte passagem:
«[...] a povoação que passou a ser sede do concelho, ter[á] abandonado o seu verdadeiro e antigo nome "Cidenai", topónimo sem igual em toda a península e que teria tido origem na junção de duas palavras de línguas diferentes mas significando o mesmo: "Cide", em árabe significando "senhor" e "Na" em basco, também "senhor" acrescido do sufixo "aia" designativo de lugar de. De facto, num prazo do Séc. XVI, este lugar aparece escrito "Cideanaya"; num documento do Papa Urbano VIII, de 1629, são referidos os moradores de "Oppidi seu loci Cidanai" a quem eram concedidas indulgências por sete anos quando visitassem a igreja do Mosteiro no dia da festa do mártir Tirso (28 de Janeiro). Em 1651, Frei Leão de S. Tomaz, na Benedictina Lusitana, chama-lhe "Cidenai" que é a forma que ainda hoje se mantêm. Cidnay grafia adoptada para denominar o hotel que naquele lugar existiu, aparece apenas na Corografia Portuguesa, do P.e Carvalho da Costa. Em prazos de Séc. XIX é vulgar escrever-se Sidenai. Mas, esqueçamos este pormenor já sem remédio, e entremos no assunto que nos propusemos tratar.» (in Actas do Colóquio de História Local e Regional – Santo Tirso, 17 e 18 de Março de 1979 – no âmbito das comemorações do Milenário da fundação do Mosteiro de Santo Tirso, 978-1978, edição da Câmara Municipal de Santo Tirso, 1982; citado no Facebook de Santo Tirso com História; consultado em 17/10/2020)
Toda esta citação é de confirmação incerta, por não corroborada noutras fontes; além disso, se é verdade que o apelido Cid e Cide, que ocorre esporadicamente na toponímia do norte de Portugal, têm origem no hispano-árabe síd, «senhor, guerreiro tribal»1, torna-se difícil ou impossível explicar os mencionados elementos Na e -aia como aí se propõe2. O que se pode assinalar é ter existido – e existir novamente – um hotel em Santo Tirso que foi buscar o nome a este topónimo supostamente mais antigo. Por outro lado, não longe de Santo Tirso encontram-se topónimos cuja sonoridade evoca as formas Cidenai/Sidenai e Cidnay. Com efeito, constata-se que, no concelho vizinho da Trofa, se identificam uma povoação denominada Cidai, de etimologia obscura, e outra chamada Cidoi, nome também de origem pouco clara, topónimos, portanto, cuja configuração é eventualmente relacionável com o nome em discussão.
Em suma, crê-se que, antes de Santo Tirso se chamar assim, o nome usado era Cidenai, que tinha variantes. Contudo, não é claro que este topónimo ocorra efetivamente na Idade Média. Tudo pode ser resultado de confusão popular, não se excluindo depois alguma interferência pseudoerudita na difusão de uma forma cuja verdade histórica ainda está por esclarecer.
1 Ver José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa (2003) e Federico Corriente, Diccionario de Arabismos e Voces Afines en Iberromance (Madrid, Editorial Gredos, 2003).
2 A consulta do Egungo Euskararen Hiztegia (ou seja, do Dicionário do Basco Contemporâneo, da Universidade do País Basco) não faculta informação sobre a letra A, mas a que disponibiliza para a letra N não consigna nenhum item com a forma na e o significado de «senhor». O Diccionario vasco-español-francés (1905), de Resurrección María de Azkue, apresenta duas entradas com a forma na, mas trata-se de partículas sem o sentido em apreço, e inclui formas próximas de -aia, sem que se perceba a relação desta com esses registos.