A explicação não tem que ver com o significado nem com a lógica dos nomes envolvidos, mas, sim, com a história de uso do topónimo e dos seus elementos constituintes.
Assim, os topónimos que contenham o nome vila não têm artigo definido, tal como acontece com outras palavras comuns referidas a núcleos habitados e edifícios: «em Vila Nova de Gaia», «em Castelo Branco». Este uso tem também que ver com a antiguidade dos topónimos e a sua proeminência administrativa.
Nos outros casos – Quintanilha, Palácios e Soutelo – , apesar da origem em nomes comuns relativos a espaços rurais (quintã ou quinta e souto) e edificações (palácio), a falta de artigo definido decorre também da história de uso.
Finalmente, Milhão não vem do numeral milhão, mas sim do nome latino medieval Emilianus, por via da forma Emiliani, que na sua evolução deu Milhan e depois Milhão2. Em topónimos como este, derivados de nomes próprios medievais, não se usa o artigo definido: «em Gondomar», «em Guimarães», «em Resende».
1 A forma Quintanilha tem configuração leonesa e deve corresponder a um diminutivo – quintana + -ilha –, equivalente a quintinha. Soutelo é também um diminutivo resultante da junção, a souto («bosque, geralmente de castanheiros»), do sufixo -elo, muito produtivo na Idade Média. Consultar José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Livros Horizonte, 2003.
2 A relação de Milhão com Emiliani é defendida por Armando de Almeida Fernandes, em Toponímia Portuguesa. Exame a um Dicionário (Associação de Defesa da Cultura Arouquense, 1999). Com esta hipótese, Almeida Fernandes contesta José Pedro Machado (op. cit.; ver nota 1), que considera que o topónimo Milhão, em Bragança – o qual encontra forma correspondente (cognata) em Millán, topónimo concentrado nas províncias galegas da Corunha e de Lugo – tem origem no termo milhão, «milho de cana muito alta e grão muito graúdo». A proposta de Almeida Fernandes é plausível no contexto da toponímia do norte de Portugal, onde se conservam muitos topónimos com origem medieval, em nomes de proprietários tanto latinos como germânicos. A tese de Machado é pouco congruente com este cenário, além de levantar a dificuldade de ser insólita a conversão em topónimo (toponimização) da demominação de um tipo de milho.