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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No esforço quotidiano de falar seleccionando as palavras mais certas para se dizer bem o que se quer dizer, deparamo-nos com palavras que não estando dicionarizadas, são muito usadas (pidesco); outras que sendo pouco usadas, estão plenamente dicionarizadas (tolerabilidade); e outras formas, ainda, que nem uma coisa nem outra ("distorcivo").

2. Será porque se julgue que é olhando para o étimo latino das palavras em português que elas adquirem maior precisão semântica; ou será porque ainda há quem veja nessa propriedade — a afinidade com o latim — uma virtude linguística, a verdade é que muitas perguntas que nos chegam continuam a apoiar a argumentação de Vénus n'Os Lusíadas:

Sustentava contra ele Vénus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana,
Por quantas qualidades via nela
(...)
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.
(Canto I, estrofe 33)

3. Retomaremos as actualizações diárias no dia 5 de Novembro, em virtude de dia 1  ser feriado em Portugal.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A língua é lugar de afectos e ideologias. Veja-se como certos aumentativos adquirem valores ideológicos e emotivos e outros não: um homem extremamente bem-parecido é um gatão; mas já não se apoda de ratão o homem extremamente esperto... Terreno escorregadio é também o dos diminutivos: o que será menos injurioso — dizer que fulano é um cabeçudo, ou que é um cabecinha?...

2. A língua portuguesa caracteriza-se por apresentar uma relativa uniformidade no que toca às variedades regionais dentro do território português — e, no entanto, as diferenças de pronúncia têm sido alvo de alguns equívocos.

3. Ao linguista brasileiro José Augusto Carvalho ainda dá que pensar a ingenuidade do governador de São Paulo, que procurou abolir a ineficiência da máquina administrativa através da abolição de uma forma gramatical.


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1.  Há os que reduzem os especialistas da língua a pessoas que sabem pôr vírgulas. E há os que se preocupam, justamente, com o uso funcional da vírgula. É que este sinal de pontuação tem relações caprichosas com diferentes elementos da frase: ora tem um comportamento fiel (no caso do zeugma), ora é mais inconstante (no caso do gerúndio).

2. Pontuação e ortografia — os dois pilares da escrita: será que estão a ser abalados? No que toca à ortografia, há sem dúvida motivos para retomar a reflexão.

3. Para além dos aspectos do estrito código da escrita, há a considerar a correcta selecção de construções sintácticas e vocabulares. Nesta medida, vale a pena espreitar o que se anda a passar na comunicação social portuguesa...

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Não há regra sem excepção. Mas quando as excepções são muitas, é provável que a regra não sirva. É o caso de algumas descrições dos diminutivos.

Em português, é fácil formar um aumentativo: junta-se um sufixo, por exemplo, -ão ou -zão. Contudo, o uso não explora plenamente esta possibilidade, e há casos que causam estranheza: "melãozão"?

«Cair em si» é uma expressão idiomática ou fixa. Isso não quer dizer que a frase «caí em mim» esteja errada só porque o pronome mudou.

Anda-se a empregar as expressões «função "de" seno» e «raios "de" ultravioleta». É incorrecto.

A banda desenhada é um género discursivo. Há quem conteste.

Afirma-se que o elemento de composição -mor se pode pospor a qualquer substantivo. Em Portugal não é bem assim.

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1. Na televisão e nas ruas de Portugal, o português brasileiro está sempre presente. Nas respostas deste dia também, quando se mostra que, no Brasil, o gerúndio é mais frequente do que na norma-padrão europeia; que um termo médico pode ter forma diferente; que esse muitas vezes significa «este». Contudo, há uma história e um conjunto de regras comuns: formoso é uma palavra antiga; júnior e sénior têm respectivamente os plurais juniores e seniores; o uso do hífen tem os mesmos critérios em compostos de substantivos.

2. Falta mencionar outra diferença, a ortográfica. Em tempos, o Ciberdúvidas recorria à dupla grafia, marcando com parênteses os caracteres que se usam ou só no Brasil (caso do trema) ou só em Portugal (as consoantes mudas). Agora, as nossas páginas podem passar de uma ortografia para a outra. Basta levar o cursor até às iniciais PB (português brasileiro) ou PE (português europeu), no canto superior direito desta página, e fazer clique: o texto aparece na ortografia pretendida.

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São tópicos desta actualização:

— as relações lexicais como a antonímia (p. ex., o contrário de instalação);

— a onomástica, a propósito da origem do apelido Castanheira;

— a estilística, mais concretamente, a análise de casos de personificação e de perífrase;

— a sintaxe, com o regresso das regências e dos clíticos;

— finalmente, a eterna questão da divisão silábica.

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As palavras vêem o seu uso constantemente recriado, como acontece num poema em que surge a palavra lanterna. Outras vezes, ingenuamente, inventamos etimologias: diz-se que um bicho-carpinteiro foi um «bicho no corpo inteiro», mas não é bem assim; sugere-se que ceia e cena têm a mesma origem, e não é verdade. Queremos que um texto faça sentido, mesmo quando o verbo endeusar deu gralha. Por fim, esgotados, não nos passa pela cabeça qual é o masculino de , nem descobrimos o aumentativo de relógio, nem percebemos por que diabo «o prazo termina-se amanhã» não soa bem.

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1. Quando nos perguntam se o correcto é a forma x ou y (diz-se sobrelotado ou superlotado; interregno ou intervalo; irmãmente ou fraternalmente?) e a resposta leva à conclusão de que ambas estão correctas, pode haver alguma desilusão, porque, de um modo geral, todos nós procuramos situações unívocas na vida e no saber em geral. Mas as línguas não são assim — e ainda bem, pois munem os falantes de múltiplos recursos em alternância, viabilizando matizes de sentido e pequenas diferenças na maneira de captar o mundo.

2. É justamente a opção lexical por um dado termo em detrimento de outro que está em causa no artigo publicado no Pelourinho: qual a necessidade do neologismo inverdade se já existe a palavra mentira?

3. Morreu José Aparecido de Oliveira, impulsionador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nas Notícias, damos conta do percurso deste político e jornalista brasileiro.

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1. Muitas vezes há hesitação no uso dos particípios passados (está aceso ou acendido?); outras vezes dá-se peremptoriamente por incorrecto aquilo que o não é (ter pagado é erro?). Mas há formas participiais que não deixam dúvidas se as testarmos em diferentes contextos: nunca ninguém ouviu dizer «As descobridas marítimas dos portugueses»...

Outras hesitações devem-se ao facto de, por vezes, a língua parecer que nos prega partidas. Veja-se que pontão não é aumentativo de ponte, assim como janelo não é o masculino de janela, nem buraco o de buraca...

Estes e outros problemas são visados nas 19 respostas publicadas neste dia.

2. Divulgamos, nesta actualização, o importante serviço de consulta em linha de textos dicionarísticos dos séculos XVI — XIX — um projecto da equipa de lexicografia da Universidade de Aveiro.

3. A Vodafone Portugal, patrocinadora do Prémio João Carrera Bom, completou ontem 15 anos de existência: as nossas sinceras felicitações na pessoa do seu Presidente, António Carrapatoso. A instituição é patrocinadora do Prémio João Carreira Bom e, através da Fundação Vodafone, dá um contributo fundamental para a continuidade do serviço prestado pelo Ciberdúvidas.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

É uma evidência que a língua portuguesa — qualquer língua — evolui e se modifica. Tal implica perdas e aquisições de formas lexicais, de construções e de realizações fonéticas. Mas isso não autoriza a que se assuma, numa dada sincronia, a extinção iminente de uma forma quando, de facto, não é isso que acontece.

Quando se diz a um aluno de português língua estrangeira que a 2.ª pessoa do plural já não existe em português, há aí, no mínimo, alguma precipitação, posto que nas regiões do Minho, Douro e Beira Interior (Portugal) esta forma ainda está viva. É, portanto, lícito ensinar  um aluno estrangeiro a dizer: «Ides vós retirar a 2.ª pessoa do plural da conjugação verbal?»

Um exemplo de evolução na língua, por inovação lexical, está na tendência constante de os falantes inventarem palavras: vejam-se os casos de "distraibilidade", "observabilidade", "impredizibilidade", etc.

Depois, há critérios não regulares de aceitação de construções, isto porque a língua não se rege por uma lógica apriorística, mas por princípios de ordem funcional/comunicativa: é exemplo disso a aceitação plena da redundância na expressão eu próprio, em confronto com a rejeição de formas como voltar de novo