A primeira frase configura a modalidade epistémica com valor de certeza, e a segunda frase, a modalidade apreciativa.
A modalidade epistémica traduz o valor de certeza do falante relativamente ao seu enunciado1. Assim, a frase apresentada em (1) evidencia que o falante produz uma afirmação de cuja verdade está certo, pelo que a modalidade tem um valor de certeza:
(1) «A cor da parede é bonita.»
Esta frase poderia ter um valor de probabilidade se o locutor utilizasse, por exemplo, a locução «ser capaz de», que mostraria que ele não se compromete com a verdade da proposição:
(2) «A cor da parede é capaz de ser bonita.»
Por seu turno, a modalidade apreciativa incide sobre um enunciado tido como verdadeiro, sobre o qual o locutor emite um juízo de valor, positivo ou negativo, como acontece em (3):
(3) «Felizmente, está a chover.»
Nesta frase, o advérbio felizmente traduz a apreciação positiva do locutor relativamente à situação descrita em «estar a chover», que se apresenta como verdadeira.
Na frase apresentada pela consulente, o locutor exprime também o seu juízo de valor / a sua apreciação de rejeição de uma situação dada como verdadeira, «defender a escravatura»:
(4) «É inaceitável defender a escravatura.»
Disponha sempre!
1. Num contexto em que o locutor pretende veicular apenas a sua avaliação sobre a cor da parede, poderemos considerar a presença da modalidade apreciativa.