Gesto, na aceção de «aspeto, expressão facial», é um uso arcaico ou, quando muito, clássico, que autores do século XIX adotavam mas que hoje nunca ou quase nunca ocorre na expressão literária:
(1) «Foi por tal motivo que ninguém reparou na entrada do alferes-mor. O gesto carregado deste exprimia uma tristeza profunda, e o seu olhar incerto dava indícios de que lhe revoavam na alma graves cuidados.» (Alexandre Herculano, O Bobo, 1843, in Corpus do Português)
(2) «ia a gritar, mas o olhar e gesto com que a fitou o Cancela cortou-lhe a fala na garganta.» (Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais, p. 249, in dicionário da Academia das Ciências de Lisboa)
No exemplo (1), é possível que o autor tenha procurado, com o uso de gesto, reforçar a índole histórica do tema e da ação. O segundo caso é muito menos claro, e é possível que Júlio Dinis empregasse gesto sem intenção arcaizante. Em todo o caso, gesto é uma palavra sobretudo literária, que não parece ser usada noutros tipos de texto e comunicação.
Sendo assim, o significado atual da palavra é a aceção mais básica que figura, por exemplo, no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, logo à cabeça da definição da entrada em questão:
«1. movimento do corpo, especialmente dos braços, das mãos, da cabeça ou dos olhos, para reforçar a expressão de pensamentos ou sentimentos – gesto de contentamento; gesto de admiração; gesto de surpresa; gesto de resignação; gesto de aborrecimento; gesto de autoridade [...]»