A frase apresentada integra um texto da escritora Hélia Correia, intitulado Ditosa língua, que foi por ela própria lido na cerimónia de entrega do prémio Camões (que recebeu em 2015), tendo sido publicado no jornal Público em 8 de julho 2015.
Relativamente ao aspeto lexical, a frase expressa um estado (situação estativa), pois descreve uma situação como não dinâmica, sem mudança interna e durativa1.
Quanto ao valor modal, estamos perante uma modalidade epistémica com valor de certeza, uma vez que o locutor manifesta, por meio deste enunciado, o seu «grau de certeza/incerteza […] relativamente à verdade da proposição que produz»2. A frase não configura a modalidade deôntica porque, para que esta esteja presente, é necessário que envolva duas entidades, a que dá a permissão ou expressa a obrigação e aquela sobre quem recaem a permissão ou a obrigação3.
Disponha sempre!
1. Cf. Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 370-371.
2. Ibidem, p. 630.
3. Cf. Ibidem, pp. 632-633.