Se colocarmos os versos da estância 133, do Canto III d’Os Lusíadas na ordem natural, obteremos a frase que se apresenta em (1)
(1) «Ó Sol, bem puderas apartar teus raios da vista destes aquele dia, como da seva mesa de Tiestes, quando comia os filhos por mão de Atreu.»
A ordem natural da frase mostra-nos que o constituinte «ó Sol» é autónomo, não tendo outros constituintes subordinados. Este constituinte desempenha a função sintática de vocativo e corresponde ao recurso expressivo designado apóstrofe.
Na segunda frase da estância, tem lugar uma situação idêntica, uma vez que o constituinte «Ó côncavos vales» é também autónomo, desempenhando a função sintática de vocativo e correspondendo estilisticamente à apóstrofe:
(2) «Ó côncavos vales, vós, que pudestes ouvir da boca fria a voz extrema, repetistes por muito grande espaço o nome do seu Pedro, que lhe ouvistes!
Disponha sempre!