A figura aí presente é a metonímia.
Nos dois casos apresentados pelo consulente — em que é destacada a relação entre o universo/espaço/lugar [«caserna» e «balneário»] e os seres [«os soldados» e «os jogadores»], a que estão ligados/associados, —, é evidente a «transferência semântica baseada na relação de contiguidade lógica e/ou material entre a palavra “literal” e a palavra substituída» (João David Pinto Correia, «A expressividade na fala e na escrita» in Falar melhor, Escrever melhor, Lisboa, Reader´s Digest, 1991, p. 503), caraterísticas da metonímia.
Apesar de esta figura parecer poder confundir-se com a metáfora, distingue-se dela, porque «enquanto, na metáfora, a relação entre as duas palavras emparelhadas é paradigmática, externa (quer dizer que as duas palavras pertencem a campos semânticos distintos – e lembramos os exemplos de “fogo” e “paixão”), na metonímia, a relação é sintagmática, intrínseca» (idem).
Repare-se que «as relações objetivas, que conduzem ao emprego metonímico de uma palavra ou expressão, podem ser muitíssimo variadas» (E-Dicionário de Termos Literários, de Carlos Ceia), mas costumam ser mais lembradas as seguintes:
a) entre a causa e o efeito [«as estrelas embranqueciam a água» («estrelas», por «raios das estrelas»)] ou entre o produtor e o objeto produzido [«Nesse museu há dois Columbanos»; «um Picasso (em vez de «um quadro de Picasso»)];
b) entre o efeito e a causa: «o meu doce tormento» (por exemplo, em vez de «a minha mulher»);
c) entre a matéria e o seu objeto: «ouro» para representar dinheiro;
d) entre o continente e o conteúdo: «beber um copo», isto é, o conteúdo do copo;
e) entre o abstrato e o concreto: «o amor tudo vence», isto é, «as pessoas que amam»; «Sua Santidade» (por «o Papa»);
f) entre o instrumento e a pessoa que o utiliza [«Ele é a melhor espada que o rei tem para batalhar»] ou o signo e a coisa que significa [«a coroa» ou «o cetro» em vez de «o soberano»; «a cruz e a espada» em vez de «a religião e o exército»];
g) entre o lugar de procedência e o objeto [«Foi oferecido um Porto», isto é «um cálice de vinho do Porto»] ou entre o tempo ou lugar e os seres que aí se acham [«a nação», isto é, os componentes de uma nação];
h) entre o epónimo e a coisa: «Por ser S. João, fomos até ao Porto» («S. João», em vez de «dia ou altura de S. João».