1. Recrudesce em Portugal a ameaça da covid-19, com novos focos da doença, sobretudo em Lisboa, onde o processo de desconfinamento iniciado em 30/04/2020 faz marcha-atrás, com o país colocado a três velocidades no combate à pandemia, a partir de 1 de julho p.f. Causa desta reavaliação: a violação do dever cívico de recolhimento e os comportamentos de risco, deliberados, por bravata juvenil, ou induzidos por más condições de transporte e de vida. Recolhimento e comportamentos de risco são, portanto, dois dos termos na ordem do dia que passam a ter entrada no glossário "A covid-19 na língua" (O nosso idioma) – a que se acrecenta um terceiro: ansiedade.
2. No Consultório, pergunta-se: o que significa mastodinia? Escreve-se «ria Formosa», ou «Ria Formosa», com duas iniciais maiúsculas? Porque se grafa aziago com z, e não com s? Completam a atualização dois tópicos de sintaxe: como se analisa uma frase como «ele chama-se Fernando»? E que dizer do uso de compor em «este índice compõe-se como o melhor preditor»?
3. O ensino e a aprendizagem em tempos de pandemia e confinamento, que têm comprometido as atividades presenciais nas escolas, tornam mais premente o acompanhamento das crianças. Apresenta-se, portanto, na rubrica Montra de Livros o livro Escrever Direito por Linhas Tortas, da autoria da terapeuta da fala, Joana Rombert, que, nesta obra destinada a pais e professores, propõe várias abordagens ativas às competências associadas às aprendizagem da leitura e da escrita, desde o pré-escolar até ao final do 1.º ciclo.
4. Sobre o «discreto labor» de quantos, «com perfeccionismo e paixão», juntam «o amor à língua e à escrita» e não se importam «de ficar na sombra para que o autor faça boa figura», transcreve-se com a devida vénia, em O nosso idioma, um apontamento da jornalista Catarina Gomes, que, a propósito do seu novo livro, o publicou na sua página do Facebook.
5. Neste dia, em Portugal, chega também ao fim o ano escolar, que desde meados de março funcionou de modo atípico. Tal como se noticiou aqui ou aqui, à suspensão de todas as atividades presenciais nas escolas seguiu-se, em 18 maio último, a sua retoma parcial, a abranger apenas os anos finais do Ensino Secundário. Foi rápido o recurso ao ensino à distância, o qual contou inclusive com o apoio da televisão pública, mas o balanço feito neste momento mistura pareceres entusiásticos ou muito positivos com fortes críticas, pela constatação de, afinal, o acesso aos meios informáticos ser muito desigual entre os alunos portugueses (ler artigos transcritos na rubrica Ensino). Entretanto, o Ministério da Educação português já determinou que o próximo ano letivo começará entre 14 e 17 de setembro de 2020 – apesar do preocupante clima de imprevisibilidade criado pela atual pandemia.
6. Ainda sobre ensino à distância, assinale-se que a Ciberescola da Língua Portuguesa aceita inscrições nas suas aulas individuais nas modalidades de Português Língua Segunda, Língua de Herança ou outras, bem como para preparação para os exames do CAPLE. Mais informação aqui.
7. O dia 28 de julho é marcado pelo já tradicional Dia do Orgulho LGBTI, também conhecido como Dia do Orgulho Gay e evocativo da rebelião de Stonewall, em 1969, em Nova Iorque*. Em Portugal, as restrições impostas para evitar a propagação do coronavírus levaram ao cancelamento da marcha marcada para 20/06/2020 em Lisboa; mesmo assim, não deixam de ter lugar eventos, como é o caso da Parada Virtual realizada em 14/06/2020 com origem no Brasil.
* A sigla LGBTI está por «Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo». Junta-se por vezes o sinal + – LGBTI+ – em referência a todas as pessoas cujo género ou orientação sexual não sejam abrangidos pelas iniciais da sigla. Sobre esta e as suas variantes, consultar o Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Fonte da imagem em cima à esquerda: Melissa Lopes, "Passadeiras LGBTI: Uma ideia de Arroios que Campolide já pôs em prática", País ao Minuto, 13/05/2019
8. Sobre temas associados a questões de identidade, género e orientação sexual com impacto significativo em palavras e expressões, sugere-se a leitura da seguinte seleção de artigos e respostas no arquivo do Ciberdúvidas: "A grafia e a pronúncia de transexual"; "Transexual dif. de hermafrodita"; "Homossexual ou 'gay'?"; "O palavrão na selva digital; "Bicha e fila"; "Relacionamento homoafectivo"; "Sobre a formação de homofóbico e homofobia"; "Homofobia, homófobo e homofóbico"; "'Casal gay' ou 'par gay'?"; "Paneleiro: valor denotativo e conotativo"; "Gay e gai"; "Brasil-Portugal: significados diferentes"; "Puto"; "O quimbundo é maneiro?".
9. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, a atenção vai para:
– a obra do Padre António Vieira, abordada numa conversa com José Eduardo Franco, historiador e professor catedrático convidado da Universidade Aberta e Titular da CIDH – Cátedra FCT/Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização – no programa Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 26 de junho, pelas 13h20* (repete no sábado, dia 20 de junho, depois do noticiário das 09h00);
– a intervenção de Adelina Moura, colaboradora do Plano Nacional de Leitura 2027 e tutora da formação contínua de professores do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, bem como para os apontamentos das professoras e linguistas Carla Marques e Margarita Correia, – no Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, dia 28 de junho, pelas 12h30* (com repetição no sábado, dia 4 de julho, às 15h30*).
*Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.