Se considerarmos o verbo que chamar-se é reflexivo, com o sentido de «ter por nome», «ter sido batizado e/ou registado (com tal nome)», estaremos perante um verbo transitivo-predicativo. Neste caso, o pronome clítico se é complemento direto do verbo e Fernando predicativo do complemento direto.
Quanto à hipótese de estarmos perante uma oração passiva pronominal, semelhante à que se apresenta em (1), convém esclarecer que, nestas situações, o complemento direto da frase ativa surge com a função de sujeito e o complemento agente da passiva (que era o sujeito da ativa) fica implícito. Neste tipo de construção, cabe ao pronome se expressar o valor passivo.
(1) «Publicaram-se vários livros este ano.» / «Se publicaram vários livros este ano.»
Note-se, no entanto, que as orações passivas pronominais só ocorrem na 3.ª pessoa.1
Ora, de acordo com o que se preceitua atrás, a frase apresentada pelo consulente não constitui uma passiva pronominal porque o seu verbo pode flexionar em qualquer pessoa. Assim, sendo se não é um pronome com função apassivadora (Note-se, todavia, a posição de Bechara explicitada nesta resposta).
Não obstante, em termos semânticos, podemos perceber na frase um valor passivo, no sentido em que o nome foi atribuído por alguém.
Disponha sempre!
1. Cf. Duarte in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 444 – 445.