A construção «compor como» não é, de facto, comum. No entanto, é possível usá-la com o sentido de «constituir», «formar», em situações como a frase (1):
(1) «A família compôs-se como um porto seguro.»
Uma pesquisa na Internet mostra alguns exemplos de uso desta construção sobretudo na variante brasileira, o que se exemplifica em (2) e (3), embora também seja possível assinalar casos em português europeu (4) e (5):
(2) «[…] enquanto a literatura, em conjunto com a alfabetização, poderia se compor como forma de expressão para os alunos» (Rigotti (or.) Literatura infantil na alfabetização: o que, por quê?)
(3) ««Uma segunda hipótese leva-nos à leitura do texto em suas características fragmentárias que apontam para uma estrutura que se compõe como um conjunto de contos e, portanto, como uma obra ficcional» (Possebom, Infância de Graciliano Ramos: memória ou autobiografia?, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
(4) «Classificado como um dos melhores do mundo, o espetáculo pirotécnico deslumbra residentes e visitantes, com as suas cores vivas que iluminam o anfiteatro da baía e que se compõe como um postal inesquecível para quem assiste» ("Natal e Fim de Ano")
(5) «A própria definição do campo da sociologia da cultura contém possibilidades legítimas. Assumamos que se compõe como domínio disciplinar vasto [...]» (Casqueira, Políticas Culturais, Turismo e Desenvolvimento na Área Metropolitana do Porto - Um Estudo de Caso, U. Porto, 2007)
Não dispomos de informações que possam comprovar tratar-se de um regionalismo.
Não obstante, não sendo consensual o uso da construção, sugiro a sua substituição, por exemplo, pelo verbo constituir:
(6) «[…] determinar qual dos índices constitui o melhor preditor da morte do recém-nascido […]»
Disponha sempre!