A tragédia humana1 resultante do forte sismo registado no Nepal, em 25 de abril último, atingiu especialmente a capital (na imagem, o que resta da torre de Dharahara), cujo nome anda mencionado pelos meios de comunicação de Portugal tanto sob a forma anglicizada, Kathmandu, como sem o h (Katmandu) – quando há muito tempo que existe grafia portuguesa. Trata-se de Catmandu2, conforme já registava Rebelo Gonçalves no seu Vocabulário da Língua Portuguesa, publicado em 1966. Este aportuguesamento é pois o recomendado, como o faz, também, o Código de Redação Interinstitucional para uso do português no quadro da União Europeia.3
1 Tragédia... humana e ajuda... humanitária. Sobre o (mau) uso destas expressões, recorrente nos media portugueses, cf. o que aqui se recordava sobre a diferença entre os adjetivos humanitário e humano. Uma vez mais: Como é que uma tragédia pode ser humanitária?.
2 Catmandu é topónimo que terá origem no nome do templo Kasthamandap, nome atribuível ao sânscrito e analisável em dois elementos: kaasth, «madeira», e mandap, «refúgio abrigado» (fonte: artigo da Wikipédia em francês).
3 Quanto ao uso de C, e não K, na grafia Catmandu, lembre-se que, para o português de Portugal e do Brasil, se mantém a regra anterior ao novo Acordo Ortográfico: as letras K, Y e W usam-se apenas 1) em antropónimos originários de outras línguas e seus derivados (Byron, byroniano; Taylor, tayloriano, etc.), 2) em topónimos de outras línguas e seus derivados (Kwanza, Kuwait, kuwaitiano, etc.) e 3) em siglas, símbolos e em palavras adotadas como unidades de curso internacional (TWA, KLM, W [oeste], etc.). Nos países africanos, nomeadamente Angola, tem-se alargado esta disposição às palavras originárias das suas línguas nacionais. Daí em Angola se escrever, por exemplo, kimbundu, e em Portugal e no Brasil se escrever quimbundo. Acresce ainda o facto de nos aportuguesamentos de nomes e palavras estrangeiras com a letra K inicial a norma recomendar sempre a feição ortográfica tradicional do português. É o caso de Catmandu. Ou de Dacar, ou de Cazaquistão, etc.
O processo de integração da Guiné Equatorial na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) causa por vezes perplexidade. Por um lado, o jornal espanhol "El País" dá conta (edição de 24/04/2015) da próxima criação de uma Academia da Língua Espanhola neste Estado africano, onde o espanhol tem estatuto oficial e é usado pela maioria da população. Por outro, tendo este país adotado o português como língua cooficial, com o compromisso de o implantar no seu território, surpreende o facto de a página oficial do respetivo governo continuar apenas disponível em espanhol, inglês e francês. E nada em português...
Ativo é o interesse dos galegos pelo intercâmbio com as comunidades de língua portuguesa. Mais um exemplo foi a assinatura, em 22 de abril, em Santiago de Compostela, de um memorando de entendimento entre a Consellería de Cultura, Educación e Ordenación Universitaria da Junta da Galiza, a Direção Regional de Cultura do Norte e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal, com vista a promover, nas respetivas regiões, ações conjuntas de difusão da cultura e literatura transfronteiriça como troca de livros e de exposições. Uma dessas ações é o prémio literário NORTEAR, destinado a jovens escritores da Galiza e do Norte de Portugal, com prazo de envio de trabalhos até 30 de setembro.
Que significa e que uso tem o verbo aprochegar-se? E será que consequentemente é uma conjunção em certos contextos? No consultório, esclarecem-se estas duas questões e, ainda, uma terceira: diz-se «combinar de fazer alguma coisa», ou «combinar fazer alguma coisa»?