Na construção formada por um auxiliar (ir, poder) e um verbo no infinitivo (conhecer), o pronome pessoal átono pode associar-se quer ao auxiliar quer ao infinitivo:
1. Vai/Pode conhecer-se muitos lugares.
2. Vai-se/Pode-se conhecer muitos lugares.
Na corrente normativista prevalece, porém, a doutrina de que é mais consistente do ponto de vista lógico associar o pronome pessoal átono ao verbo principal – ou seja, à forma de infinitivo (porque se considera que o verbo principal marca a ideia principal da expressão verbal), tal como se apresenta em 1 («pode conhecer-se»). Mas não se pense que a junção do pronome ao auxiliar é erro; não é, e tem grande tradição na língua (ler Textos Relacionados).
É ainda de notar que o pronome pessoal átono que ocorre nestes exemplos marca um sujeito indeterminado, equivalente a alguém, o que explica que o verbo auxiliar se encontre no singular («pode conhecer-se»/«pode-se conhecer»). No entanto, com verbos transitivos, isto é, verbos que se usam com complemento direto («conheço muitos lugares»), mesmo associados a auxiliares, há autores que consideram a construção mais correta é a que faz concordar o verbo com a expressão nominal a que se refere, porque se considera que a frase corresponde a uma construção passiva (diz-se que o se é uma partícula ou pronome apassivante). Sendo assim, com verbos transitivos também se diz e escreve (e a norma mais conservadora até recomenda):
3. Vão/Podem conhecer-se muitos lugares.
4. Vão-se/Podem-se conhecer muitos lugares.