Compreendo o seu raciocínio, mas a verdade é que o pronome -se em vende-se não é reflexo, pelo que não implica que o sujeito e o objecto da acção são a mesma pessoa.
Em relação ao significado e à função deste pronome -se, há duas leituras possíveis. Por um lado, podemos sustentar que serve para indicar a indeterminação do sujeito, nos casos em que se pretende enfatizar a acção em si (sendo «vende-se» substituível por «alguém vende», tal como na frase «soube-se finalmente a verdade», o pronome -se representa as pessoas em geral [souberam]). Por outro lado, podemos dizer que é um pronome apassivante, já que neste tipo de construção («vende-se uma casa», «vêem-se as estrelas», «tiram-se conclusões», etc.) o objecto (casas, estrelas, conclusões) é na realidade o sujeito da oração passiva que ali está representada: «uma casa é vendida», «as estrelas são vistas», «conclusões são tiradas».
Seja qual for a perspectiva, porém, a construção «vende-se (algo)» está correcta. Todavia, as agências podem igualmente optar por anunciar a venda ou o arrendamento de imóveis da forma que o consulente sugere: «A Mediadora Tal vende ou arrenda (algo)» — e algumas até o fazem (ainda que sejam meras intermediárias, são na verdade essas empresas que efectuam o negócio).