1. Assinala-se em Portugal o 25 de Abril, o golpe militar que em 1974 pôs fim a um regime ditatorial que durava desde 1926 e à Guerra Colonial, que se arrastava em África desde 1961. Na rubrica O Nosso Idioma, a professora e linguista Carla Marques refere-se ao 47.º aniversário deste acontecimento configurador do Portugal contemporâneo, com breves comentários a 47 palavras, de neologismos a anglicismos, modismos ou erros, que refletem e marcam estes tempos.
Na mesma rubrica, transcreve-se com a devida vénia um artigo do professor universitário e político Guilherme d'Oliveira Martins (Diário de Notícias, 20 de abril de 2021) sobre o cuidado a ter com a língua portuguesa como património cultural compartilhado pelos muitos milhões de cidadãos que a falam e escrevem em diferentes países.
2. Na Europa, Portugal incluído, acelera o processo de vacinação com vista à imunidade de grupo, entre apelos à cautela e à contenção no convívio social. Mas, em todo o mundo, a ameaça da pandemia continua no horizonte, e é neste cenário incerto que o Japão prepara os Jogos Olímpicos, já adiados em 2020. A denominação deste acontecimento desportivo associa-se assim ao conjunto de novas entradas em A covid-19 na língua, oito ao todo: «as vacinas não têm nacionalidade», autoagendamento, incumprimento, plano nacional de testagem, «todos metidos no mesmo barco», variante indiana e velório.
3. O Consultório é atualizado com oito respostas: a expressão «dizer que» e outros modismos semelhantes; a (pouca) diferença entre maltratado e «mal tratado»; a construção concessiva «faça o tempo que fizer»; a associação do nome prioridade a adjetivos em frases comparativas; o uso das formas compostas e simples do pretérito mais-que-perfeito; o brasileirismo «o que que é isso»; o significado do verbo assistir quando referido a pessoas; e o funcionamento da concordância na sequência «todas quantas».
4. 23 de abril é o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, assinalado internacionalmente com diferentes programa de eventos. É uma festa que coincide com a de S. Jorge, que, com o nome Diada de Sant Jordi, tem forte tradição na Catalunha, quando entre namorados ou em sinal de estima se trocam livros e rosas. Em Portugal, a Direção-Geral dos Livros, dos Arquivos e das Bibliotecas lança um desafio (DGLAB): «Porque na cadeia do livro todos somos precisos – escritor e ilustrador, editor, tradutor, revisor, designer, gráfica, distribuidora, livraria, mediador, biblioteca e leitor, a 23 de Abril vá à livraria da sua zona ou encomende online, e envie um livro para quem lhe é mais querido.»
Sobre o vocabulário relacionado com os livros, além das muitas notas de apresentação da Montra de Livros, sugere-se a consulta de "Ler em todos os tempos", "No tempo do livro", "Os livros digitais", "Viagem a bordo da palavra livros", "Cerra-livros", "As iniciais nos títulos de livros e filmes" e "Bibliotecas".
5. Em três programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa, destacam-se os seguintes temas:
– Os projetos do Brasil para a promoção e difusão do português no mundo são abordados em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);
– O “Fórum Virtual: A Língua Portuguesa e a Cooperação Académica Sino-Lusófona na Área da Grande Baía”, que decorreu em 20 de abril de 2021, no IPM de Macau, é comentado no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 25 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 1 de maio, às 15h30*), programa que conta ainda com um depoimento do professor e tradutor Marcos Neves sobre a sua mais recente obra – História do Português desde o Big Bang –, uma crónica de Carla Marques em torno do verbo viver e, a propósito do 25 de Abril, um apontamento de Sandra Duarte Tavares acerca da palavra liberdade.
– O vocabulário militar e as suas especificidades são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com o general Carlos Branco, no programa Palavras Cruzadas*, transmitido também pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*. Exemplos da singularidade desta linguagem: na Marinha ninguém anda «de barco», nem na Força Aérea se usa a palavra avião, ou «carro» no Exército; nem há balas, mas munições, nem existem tanques mas carros de combate. E qual, nos quartéis, o feminino de soldado, capitão e general?
* Hora oficial de Portugal continental, ficando depois os programas disponíveis aqui, aqui, e aqui respetivamente.