1. Desde há anos que se tornou frequente ler títulos e frases em português como "Mainstream para sempre" (Diário de Notícias, 26/01/2025), "Terror é o único nicho que é mainstream" (Observador, 06/09/2021) ou "A biodiversidade ainda não é mainstream" (SIC Notícias, 09/01/2024). O uso do termo inglês não é sinal de anglofilia exclusiva do português, pois em espanhol a situação é semelhante, ao ponto de a Fundéu, entidade que monitoriza a qualidade do uso da língua castelhana na comunicação social em Espanha, ter publicado em 22/04/2016 uma recomendação para identificar alternativas vernáculas. No desafio colaborativo 100% Português, que o Ciberdúvidas desenvolve no seu mural de Facebook, mainstream foi a palavra em discussão em 03/12/2025, e, nos comentários, os seguidores propuseram «comum, tradicional, popular» e «tendência dominante». Estas soluções levam a pensar que, em português, mainstream não se traduz transversalmente de uma única forma, mas, sim, em função do contexto, como já se apontou no Consultório: se for adjetivo, use-se dominante, e «uma ideia mainstream» será uma «ideia dominante»; e se for nome, em vez de «o mainstream daquela época», melhor será dizer e escrever «a corrente dominante daquela época» ou «a principal corrente daquela época».

2. Como já é tradição no final de cada ano, entidades ligadas à edição promovem passatempos para a seleção das palavras que marcaram as notícias e a comunicação pública em geral ao longo de 12 meses. É caso da Palavra do Ano de 2025 que, na Porto Editora, levou apagão a ser a palavra a mais votada de uma lista constituída por agente (IA), eleições, elevador, flotilha, fogos, imigração, moderado, perceção e tarefeiro. O vocábulo vencedor faz referência à «falha de fornecimento elétrico [que] paralisou o país [em 28/04/2025], deixando milhares de pessoas sem acesso a transportes, comunicações e serviços básicos».

O inglês é sempre tema, e registe-se que, pelo menos, no Reino Unido, o Oxford English Dictionary anunciou como palavra do ano a expressão «rage bait», traduzível por «isco de raiva», ou seja, um conteúdo em linha destinado a despertar indignação ou ódio (ver Rita Figueiras, "Rage bait e a política portuguesa, Público, 03/12/2025). Outro uso que é igualmente notícia não é propriamente verbal: trata-se de 6-7, «six seven», literalmente «seis sete», que se popularizou no TikTok entre a população juvenil para exprimir uma diversidade de significados e reações, desde entusiasmo a perplexidade perante qualquer situação (cf. "6-7", Wikipedia, 05/12/2025).

3. O infinitivo pessoal é uma característica do português (e do galego) que pode motivar erros entre lusófonos aprendentes de línguas sem este modo verbal. Em O Nosso Idioma, a consultora Inês Gama dá conta de um erro que falantes de português dão quando aprendem espanhol. Outros artigos em linha desde 9/12 até este dia: "O feminino de sultão", "Cabíveis, quando se esperava cabais...", "O comparativo de bem em pré-campanha eleitoral", "O infinitivo pessoal do português" e "A linguagem neutra e a proibição no Brasil".

4. No Consultório, pergunta-se se é correto produzir uma frase como «ele disse o seu ponto de vista», e a resposta alerta para a necessidade de atentar na compatibilidade semântica entre palavras. No período compreendido entre 9 e 5 de dezembro, foram dados esclarecimentos acerca de palavras e expressões como reviver, chefe-carro, «dar no vinte», spam, percorrer, Arrifes, "apenasmente", ES (sigla), Madagáscar, prazo, ser (locativo) e «bom dia». 

5. Nas rubricas em vídeo, comentam-se algumas expressões idiomáticas alusivas ao grande terramoto de Lisboa de 1755 no 52.ª em "Ciberdúvidas Responde", enquanto se procuram regras simples para o emprego da vírgula no 47.º episódio de "O Ciberdúvidas Vai às Escolas". 

6. Sobre Língua de Todos e Páginas de Português, programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa, toda a informação está disponível nos Destaques da página principal e nas Notícias.