Analisemos, em primeiro lugar, o valor de sentido elucidativo e o de sentido figurado. A construção de sentido elucidativo é aquela que tem o obje{#c|}tivo de «tornar claro, explicar, esclarecer, ilustrar, comentar» (Dicionário Houaiis da Língua Portuguesa, Lisboa, Círculo de Leitores, 2007), ao passo que a de sentido figurado é «aquela que implica representação de algo ou de alguém, põe um elemento de valor convencional, imitativo» (idem).
Debrucemo-nos, também, sobre o que caracteriza a metonímia e a metáfora. Segundo o Dicionário de Literatura (dir. Jacinto do Prado Coelho, II vol., Porto, Figueirinhas, 1979), uma e outra resultaram de associações, mas, «é indispensável notar que [a metonímia ] se trata de um caso de uma associação por contiguidade e não por semelhança – como é o caso da metáfora». Assim sendo, se tivermos em conta que a metonímia é a «figura pela qual se designa uma realidade por meio de um termo referente a outra que está objectivamente relacionada com a primeira», apercebemo-nos de que tal relação é, portanto, «externa e obje{#c|}tiva». A metonímia surge, também, no Dicionário de Termos Literários como «a figura de linguagem por meio da qual se coloca uma palavra em lugar de outra cujo significado dá a entender. Ou a figura de estilo que consiste na substituição de um nome por outro em virtude de uma relação semântica extrínseca existente entre ambos. Ou, ainda, uma translação de sentido pela proximidade de ideias. Consiste, assim, na ampliação do âmbito de significação de uma palavra ou expressão, partindo de uma relação objectiva entre a significação própria e a figurada» (E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9). Por sua vez, a metáfora é definida como a «figura de estilo que possibilita a expressão de sentimentos, emoções e ideias de modo imaginativo e inovador por meio de uma associação de semelhança implícita entre dois elementos. De facto, e tendo como base o significado etimológico do termo, o processo levado a cabo para a formação da metáfora implica necessariamente um desvio do sentido literal da palavra para o seu sentido livre; uma transposição do sentido de uma determinada palavra para outra, cujo sentido originariamente não lhe pertencia. Ao leitor é exigido no processo interpretativo uma rejeição prévia do sentido primeiro da palavra, para a apreensão de outro(s) sentido(s) sugerido(s) pela mesma e clarificada pelo contexto, na qual se insere» (idem).
Ora, se tanto a metonímia como a metáfora são figuras – «todo o recurso linguístico que, desviado de uma norma linguística, cria efeitos de expressividade que revestem uma parte de um enunciado de realce, contraste, sentimento» – da linguagem, depreende-se que sejam utilizadas na construção de sentido figurado, como o atesta o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa numa das entradas do adje{#c|}tivo figurado, relacionada com o estilo e a retórica, «que se relaciona por um uso abundante e sistemático das figuras de palavra (tropos), como a metáfora, a metonímia e a sinédoque».