De acordo com o E-dicionário de termos literários, de Carlos Ceia, os recursos referidos pela consulente têm as seguintes características:
i) a hipálage é um recurso expressivo que consiste na «atribuição a um objecto de uma característica que, na realidade, pertence a outro com o qual está relacionado»;
ii) a personificação expressa uma «perspectiva animista da realidade não humana sem vida»;
iii) a metáfora «possibilita a expressão de sentimentos, emoções e ideias de modo imaginativo e inovador por meio de uma associação de semelhança implícita entre dois elementos.».
Ora, por um lado, atendendo a que o recurso incide sobre o coração, elemento que está intimamente ligado ao eu, não poderemos considerar que existe efetivamente transferência das características de uma realidade para outra, pelo que não estamos perante uma hipálage.
Por outro lado, não poderemos considerar que a expressão evoca efetivamente uma personificação, uma vez que não se trata efetivamente de atribuir características humanas a uma realidade não humana.
Por estas razões, estamos em crer que a classificação mais ajustada à realidade criada pelo verso em apreço será a metáfora, uma vez que ela pretende expressar o sentimento de tristeza do eu, por meio do choro que se atribui ao coração.
Disponha sempre!