Os tempos do conjuntivo/subjuntivo são usados sobretudo em orações subordinadas e estabelecem uma relação de dependência com o verbo da subordinante, podendo contribuir para alguma especificidade na interpretação da localização temporal das situações descritas.
O pretérito perfeito composto do conjuntivo/subjuntivo perspetiva a situação como estando concluída. Com verbos volitivos como esperar ou desejar, o pretérito perfeito composto localiza a situação num tempo anterior ao momento de enunciação. Assim, na frase aqui transcrita como (1), a crença é de que o sujeito não tenha feito algo até ao momento em que se apresenta o enunciado:
(1) «Nós não acreditamos que ela tenha feito isso.»
A mesma relação temporal se estabelece na frase (2):
(2) «Espero que você ainda não tenha feito a sobremesa, porque o almoço foi cancelado.»
Já na frase (3), o pretérito perfeito composto apenas localiza a situação num momento anterior ao momento de enunciação, sem que esteja presente a ideia de um limite temporal:
(3) «Fiquei triste que você não tenha ido ao meu aniversário.
Em (4), a frase inclui um tempo de referência com o qual o pretérito perfeito composto se relaciona. Este é expresso pela oração subordinada temporal «quando eu chegar». Nesta situação é esta oração que introduz o limite temporal para a realização do estudo referido na subordinada completiva. Note-se que, neste, caso, o pretérito perfeito composto refere um tempo futuro relativamente ao momento de enunciação.
(4) «Vou dar uma volta e volto às 18h. Espero que você tenha terminado o estudo quando eu chegar.»
O pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo/subjuntivo, por seu turno, ocorre em frases com o verbo da oração subordinante no imperfeito ou no pretérito perfeito do indicativo. Quando usado com verbos como esperar, também localiza a situação num tempo anterior ao momento da enunciação, mas, ao contrário do pretérito perfeito composto, não tem a capacidade de localizar estas situações num tempo posterior ao momento da enunciação (como acontece com o perfeito composto em (4))1:
(5) «Esperava que ele não tivesse feito a sobremesa.»
Disponha sempre!
1. Para maior aprofundamento destas questões, sugere-se a leitura de Oliveira in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp.538-541.