O pretérito mais-que-perfeito é utilizado sempre que há duas orações com o verbo explicitado, ambas ocorrendo no passado e sendo uma anterior à outra. Por exemplo, na frase «O João morreu, mas tinha feito (fizera) testamento». O exemplo que apresenta contém, em termos estruturais, algumas características de uma relativa informalidade. Antes de mais, uma pessoa deixa o testamento quando morre, e não antes de morrer. Antes de morrer, faz o testamento, que depois deixará… Se o verbo, em vez de deixar, fosse fazer, ambas as possibilidades que apresenta seriam adequadas, embora possam ter diferenças de interpretação.
1. «Antes de morrer, ele fez um testamento.»
Mesmo que consideremos a locução temporal «antes de morrer» como uma acção, uma vez que contém um verbo, ambas as acções se situam num tempo anterior à morte. Neste caso, o foco do discurso está nesse tempo anterior no qual foi feito o testamento.
2. «Antes de morrer, ele tinha feito (fizera) um testamento.»
Neste caso, o foco do discurso situa-se num tempo em que já ocorreu a morte. Está, por isso, subjacente a oração «morreu», e o texto completo seria «Morreu, mas, antes de morrer, ele tinha feito (fizera) um testamento».
Refira-se ainda que o pretérito mais-que-perfeito simples é menos usual, e mais formal, do que o composto.