De uma forma geral, estes tempos do conjuntivo sobrepõem-se a nível dos usos.
Com efeito, tanto o futuro simples do conjuntivo como o futuro composto (perfeito) do conjuntivo podem ocorrer em orações subordinadas relativas, adverbiais temporais e adverbiais condicionais.
Em muitas situações, o uso de um ou outro tempo é indistinto, na medida em que ambos têm a capacidade de marcar o tempo futuro relativamente ao momento da enunciação:
(1) «Quando terminarem o trabalho, venham ter connosco.»
(2) «Quando tiverem terminado o trabalho, venham ter connosco.»
É possível, não obstante, assinalar situações particulares que poderão ser expressas preferencialmente por um ou outro tempo. Assim, o futuro simples do conjuntivo, em situações muito específicas, pode sobrepor-se ao momento de enunciação:
(3) «Os alunos que estiverem constipados não vêm à aula amanhã.»
Note-se, todavia, que a interpretação do valor temporal como sobreposto ao momento da enunciação fica muito dependente do contexto.
O futuro composto do conjuntivo pode marcar um tempo passado relativamente ao momento da enunciação:
(4) «Os alunos que tiverem lido este livro vão apresentá-lo na aula.»
A frase (4) permite uma interpretação de ação concluída num momento anterior ao do da enunciação.
Em termos aspetuais ainda, o futuro composto do conjuntivo apresenta a situação como estando completa antes de outra ocorrer:
(5) «Quando tiver lido o livro, devolvo-to.»
Na frase (5), o futuro composto do conjuntivo permite a leitura de anterioridade da situação «ler o livro» face à situação «devolver o livro» e ainda sinaliza que a segunda situação só terá lugar depois de a primeira estar concluída1.
Disponha sempre!
1. Estes valores de uso vêm descritos em Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 541-543. Pode também consultar-se o seguinte artigo: Polášek, M. «Algumas observações sobre o futuro do modo conjuntivo» in Études Romanes de Brno, 30, 2009, 1 (disponível aqui).