Em princípio, a frase constitui de facto um pleonasmo, porque há uma noção que se repete, ou seja, para citar o consulente, obviamente que só se «começa do/pelo começo». Não obstante, não se descarte este pleonasmo como inútil e vicioso.
Na verdade, se, por um lado, começar é «principiar, dar começo», por outro, começo significa o ponto onde começa, principia ou se inicia alguma coisa. Sendo assim, «começar pelo começo» é literalmente «dar começo ao começo» ou «começar a começar», que são evidentes redundâncias, pois, do ponto de vista informativo, começo nada acrescenta a começar. Contudo, os pleonasmos podem ter aproveitamento literário (ver Textos Relacionados) e ocorrem muitas em certos textos, com umas vezes enfaticamente (como reforço), outras com propósito irónico ou humorístico. Exemplo: «Para começar do/pelo começo, é preciso que se diga....». Neste caso, o pleonasmo tem paradoxalmente valor expressivo e torna-se uma maneira de dizer o mesmo que «para começar pelo que é prioritário» ou «para começar de maneira metódica». Refira-se, aliás, que já se tornou um lugar-comum uma expressão sinónima e não menos redundante: «Para começar pelo princípio», a qual se emprega (e da qual se abusa, acusando falta de criatividade) no sentido de «para contar tudo desde o princípio» ou no de «para referir o primeiro aspeto/argumento da exposição/argumentação que a seguir se desenvolve».