1. No parlamento de Portugal, em audição convocada em 7/2/2016, os deputados da Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto rejeitaram as Sugestões para Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovadas pela Academia das Ciências de Lisboa em 26/1/2017, por considerarem que uma revisão ortográfica no contexto do português europeu só é negociável em sede própria, ou seja, no Instituto Internacional da Língua Portuguesa (ler notícia no jornal Expresso e num apontamento de 7/2/2017 no Telejornal da RTP 1, aos 50' 49''). Também o ministro do Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reforçou que se deve «[...] aguardar serenamente que o processo de ratificação seja concluído para que o acordo possa entrar em vigor em todos os países que o assinaram e o aprovaram», visto que se trata de «um acordo internacional que obriga o Estado português» (ler peça da agência Lusa, no jornal Público). Recorde-se que um dos argumentos dos opositores ao AO é o de este ainda não ter sido ratificado por todos os países da CPLP, designadamente, Angola e Moçambique. Se é verdade que, no caso angolano, não se vislumbram iniciativas para aplicar o AO, deve assinalar-se que, em Moçambique, já se dispõe de um vocabulário ortográfico nacional conforme o normativo em causa e o conselho de ministros aprovou a sua ratificação há bastante tempo, em 2012, mas falta ao parlamento moçambicano concluir o processo. Na rubrica especificamente destinada a este tema do Acordo Ortográfico – e tendo sempre em conta as suas diferentes vertentes (informação factual, polémica, anti e pró, e sugestões e propostas concretas para o seu aperfeiçoamento, entre outras mais três subáreas) – fica um apanhado destes e de outros textos publicados entretanto sobre o assunto.
2. Para quem lê e escreve, como saber ao certo o que ou não é um plágio? A rubrica O nosso idioma apresenta uma reflexão de D'Silvas Filho sobre este problema, que motiva acusações frequentes, umas fundamentadas, outras precipitadas e injustas.
3. Às canções da música urbana portuguesa, que conjugam a linguagem popular com os estilos musicais de origem americana e os seus anglicismos – hip-hop, é um caso –, também se exige correção gramatical? Por exemplo, no verso «e a nossa filha já vai ter um mano ou mana», não se terá o rapper* esquecido da palavra uma? O consultório dá um parecer sobre este tópico, relacionado com a variação por registos. Desta atualização, fazem parte duas outras perguntas: aceita-se o uso da locução «toda a sorte de»? E diz-se «obrigados a cantar», ou «obrigados a cantarem»?
* Um rapper é um cantor/músico/praticante de rap, anglicismo que designa um «género de música popular, urbana, que consiste numa declamação rápida e ritmada de um texto, com alturas aproximadas» (Dicionário Houaiss). (cf. idem). Poderia pensar-se em aportuguesamentos para hip-hop, rap ou rapper, mas estes modismos ingleses são autênticos símbolos identitários nos meios da música popular urbana de Portugal e de outros países não anglófonos, de tal maneira que, por enquanto, pode parecer descabido propor-se uma adaptação a padrões vernáculos.
4. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
– Uma plataforma de ensino a distância – Português mais Perto – acaba de ser apresentada no auditório do Instituto Camões*, neste fevereiro friorento, em Lisboa, contando com a presença do ministro luso dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva e do secretário de Estado das Comunidades portuguesas, José Luís Carneiro. O projeto resulta da colaboração editorial entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Porto Editora e tem como público-alvo as crianças e jovens que iniciaram o percurso educativo em Portugal e, agora, em virtude da emigração temporária dos seus pais, se encontram a residir no estrangeiro, tendo no seu horizonte voltar ao sistema escolar português; mas também para as crianças e jovens de origem portuguesa escolarizados no estrangeiro, para os quais foi criada a oferta de Português Língua de Herança. No Língua de Todos de sexta-feira, 10 de fevereiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 11 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00**), Vasco Fernandes Teixeira, administrador da Porto Editora, explica quais serão os utilizadores da nova plataforma, a que aqui já se deu relevo.
– Ainda respeito do mesmo tema, o Páginas de Português de domingo, 12 de janeiro (na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, às 15h30**), conversou com secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
* Lembramos a atividade desenvolvida pela Ciberescola da Língua Portuguesa e pelos Cibercursos da Língua Portuguesa no âmbito do ensino a distância e da aprendizagem do português, conforme realça a abertura de 6/2/2017.
** Hora oficial de Portugal continental.