1. «Os poetas e os intelectuais não têm problemas de escrita. No que à ortografia diz respeito são inimputáveis, mas dir-se-ia que alguns se julgam donos da língua. Têm saudades do tempo em que a qualidade da língua era aferida pelo número dos erros de ortografia.» A afirmação leva a assinatura dos linguistas portugueses João Malaca Casteleiro e Telmo Verdelho, em artigo que deixamos disponível na área das controvérsias da rubrica Acordo Ortográfico – a propósito da petição que reclama desvinculação de Portugal ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90) entregue na Assembleia da República no passado dia 9 de março. «Um tropismo de adesão emocional – assim consideram os autores* –, uma animação chique, intelectualoide, classista e reacionária».
* Um e outro são membros efetivos da Academia das Ciências de Lisboa, críticos por verem-na «embrulhada neste arraial de conservadorismo pobre e ignorante».
2. "Covfefe", a palavra inglesa tuitada pelo presidente dos EUA Donald Trump para mais um dos seus recorrentes ataques à comunicação social norte-americana – que ninguém sabe o significado, como se pronuncia ou, sequer, se existe mesmo –, tratou-se afinal do quê? Seja uma gralha, de um lapso, de um neologismo arbitrário e idiossincrático, ou, muito provavelmente, de um simples erro de digitalização – em vez de coverage, o mesmo que «cobertura jornalística» –, e se tudo não for mais do que um «sinal preocupante de crescente e perigosa loucura» de quem, «cujos mesmos dedinhos [podem] digitar os códigos nucleares»? Em O Nosso Idioma, fica disponível a reflexão do historiador e político português José Pacheco Pereira, com o texto "Covfefe – o gerador de patetice", crónica publicada no jornal Público em 3/06/2017.
3. Na presente atualização deixamos em linha cinco novas respostas a outras tantas perguntas chegadas ao consultório do Ciberdúvidas. Ficam assinaladas nos Destaques.
4. Finalmente, esta informação que se lamenta: a RTP voltou a interromper, agora definitivamente, o magazine Cuidado com a Língua. O 11.º programa desta nona série, com o tema da estiva e com quem a assegura no porto de Lisboa, será por isso o último emitido pelo 1.º canal da televisão pública portuguesa na terça-feira, dia 6 de junho, às 21h00**. Quanto aos dois episódios que ficaram assim por emitir desta série tão destratada pela atual Direção de Programas da RTP – sobre Rafael Bordalo Pinheiro e no Panteão Nacional – nunca será antes de setembro, ao que foi possível saber, pelas (vagas) informações disponibilizadas à produtora do programa, a Até ao Fim do Mundo.
** Hora oficial de Portugal Continental, com repetição nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na sua página oficial. Outras informações aqui.