1. Imagine-se um mundo em que, antes de dizer qualquer coisa, seja preciso consultar, não o dicionário, não a gramática, mas o Código Penal...
Depois de ter saído, no Diário Oficial, a proibição do uso do gerúndio no Estado de São Paulo, está agora na calha legislativa a proibição do termo faxineiro em documentos oficiais.
Mas há mais: a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou a erradição de estrangeirismos do português do Brasil.
2. O que é consensual – porque evidente e inegável – é o papel principal do Brasil na projecção do português no mundo. Por isso, não se compreende a vantagem em manter uma cisão ortográfica, defende Pedro Lomba, na edição de 13 de Dezembro do Diário de Notícias.
3. Ainda sobre o português do Brasil: está em curso a audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura para discutir o relatório sobre a diversidade linguística do país.
1. Reproduzimos, neste dia, um diálogo em polémica acerca do Acordo Ortográfico: Vasco Graça Moura responde ao autor do editorial do Expresso (1/12/07). Não faltam os protocolares apodos: «luminárias», «trapalhada», «balofos», «nacionalismos serôdios», etc.
2. Apesar de constituído por todos os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) recebe apenas o contributo de Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde — alerta Amélia Mingas, sua presidente. O IILP tem por missão desenvolver projectos e actividades de divulgação do português no mundo.
«Mais triste do que acontece é o que nunca aconteceu.»
Fernando Pessoa
Destacamos, neste dia, mais três artigos que globalmente versam sobre o "não-acontecimento" do Acordo Ortográfico em Portugal.
1. Realizou-se, no passado dia 4 de Dezembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o Seminário sobre a revisão dos Programas de Português do Ensino Básico, organizado pela Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. O aumento da carga horária e um modelo funcional e integrador das orientações programáticas para o português língua materna e não materna foram considerados tópicos consensuais.
2. Os falantes de todas as épocas trazem as coisas que observam e os intrigam para a construção de um modo particular de captar o mundo — que só se pode fazer através da linguagem. Da simples observação curiosa da Lua fazem metáforas (estar na lua, estar com a lua, aluado, lunático), metonímias (a lua é o mês e, sendo o mês, é mulher...) e apóstrofes (Ó Lua que vais tão alta...).
1. Foi inaugurado o Centro de Língua Portuguesa da Universidade de Leeds, no Reino Unido. O Instituto Camões já mantinha há três décadas um professor de Português a tempo inteiro nesta universidade, mas a constituição de um centro de língua permite uma maior autonomia e acesso a fundos, indispensáveis ao desenvolvimento de actividades e eventos.
2. Há dúvidas permanentes e problemas insolúveis? No que toca à língua, parece que sim. Há, porém, matizes importantes na aplicação de uma regra ou princípio a determinado contexto frásico ou textual que justificam a recolocação dos problemas, como sejam: as regras do uso do hífen; a atestação de vocábulos; ou a marcação de indeterminação do sujeito.
1. Será desta que o mundo de língua portuguesa saberá valorizar os velhos laços culturais e linguísticos com a Galiza? O dossiê publicado no semanário Expresso (Portugal) vai nesse sentido...
2. Entretanto, o presente é sombrio para o ensino e para a aprendizagem da língua materna em Portugal: o relatório PISA 2006 (Programme for International Student Assessment) mostra que, nos conhecimentos de leitura, os alunos portugueses estão atrás da média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e para o Desenvolvimento Económico).
3. Como sempre, contribuindo para contrariar esquecimentos e maus resultados, respondemos a questões como as seguintes:
1. Assinalamos a criação de um novo portal — o Lingu@e —, com a principal finalidade de enquadrar questões da língua portuguesa no debate do multilinguismo europeu. Trata-se de uma iniciativa que resulta de um protocolo entre a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), o Instituto Camões (IC) e o Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu.
2. Além do que se encontra em destaque, respondemos ainda a dúvidas sobre:
Por muito exaustivos que sejam dicionários e gramáticas, nem todos os usos linguísticos adequados são abrangidos. Às vezes, é uma informação que não se confirma: um dicionário atribui o género feminino a escorrega, mas toda a gente diz «o escorrega». Noutras situações, a palavra até está bem formada (por exemplo, xadrezístico), mas os lexicógrafos parecem ter-se esquecido dela. Por seu lado, o significado das palavras permite novas associações, o que legitima expressões como «contrair uma lesão». Por isso, aqui estamos, sempre a confrontar a realidade da língua com os instrumentos que a descrevem.
1. Para evitar comentários alarmísticos, nada melhor do que ter uma perspectiva histórica sobre alguns assuntos. Convém, pois, saber que, no mundo de língua portuguesa, a questão ortográfica tem praticamente cem anos. Neste contexto, divulgamos um trabalho publicado pelo Jornal de Notícias (Portugal). Já agora, sabia que os grafemas <nh> e <lh> têm origem occitânica (Sul de França)?
2. Neste dia, regressam as dúvidas sobre o substantivo habitat, o verbo desconfiar e as locuções latinas. Revisita-se a sintaxe. São ainda dadas recomendações sobre formas aparentemente em alternância: indiciação vs. indiciamento; salicultura vs. "salinicultura"; termalista vs. aquista.
1. Na comunicação social portuguesa, definem-se os campos sobre o novo Acordo Ortográfico. Argumenta-se com decisão: sem acordo com o Brasil, o português europeu pode tornar-se uma bizarria, «falado por uns meros 10 milhões de pessoas». Argumento forte, sem dúvida, porque quer dizer que línguas, dialectos ou variedades linguísticas com 10 milhões de falantes são uma bizarria. Que pensar, então, do catalão ou do checo?
2. Os reis fazem história linguística e reacendem eternas discussões: por que ou porque? Ana Martins explica como é.
3. Nesta actualização, além dos tópicos em destaque, retomam-se a hifenização, a etimologia, os aumentativos e os pronomes relativos.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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