1. Faz neste dia 20 anos que o Prémio Nobel* da Literatura foi atribuído ao escritor português José Saramago (1922-2010). Em Portugal, multiplicam-se os eventos que assinalam a efeméride, entre eles, até 10/10/2018, em Coimbra, o Congresso Internacional José Saramago: 20 anos com o Prémio Nobel (cf. Ana Paula Arnaut diz que Saramago recria heterónimo de Pessoa como sua personagem). Igualmente no campo editorial é este aniversário lembrado com a publicação de um escrito inédito do autor, Último Caderno e de dois outros livros: O Último Caderno de Lanzarote e Um país levantado em alegria. O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa associa-se também às comemorações, recuperando do seu arquivo o testemunho da arte literária do escritor:
– na Antologia, "Uma língua que não se defende morre", texto que Saramago escreveu especialmente para o Ciberdúvidas, a marcar o regresso depois de uma interrupção em 2002, "As palavras" (in Deste Mundo e do Outro, Editorial Caminho, 4.ª edição, 1997), e "Poema à boca fechada" (in Os Poemas Possíveis, Editorial Caminho, 1981);
– em O nosso idioma, "Palavras para uma cidade" (in Caderno, Editorial Caminho, 2009);
– a entrevista que o prémio Nobel português concedeu em 13 de julho de 2008 ao programa Páginas de Português (Antena 2) – ver também "Palavras de Saramago sobre o português" (Abertura, 14/07/2008);
— e Saramago: 20 anos depois do Nobel.
* Pronuncia-se "nobél", recorde-se. Cf. "Nobel, palavra oxítona(aguda): /Nobél/".
2. À volta da vida e obra de Saramago: na Abertura, "José Saramago (1922-2011)" (18/06/2010), "Ler e reler Saramago" (27/07/2011), "Nos quinze anos do Nobel de Saramago" (10/10/2013), "Castelhanismos, a propósito de Saramago" (25/06/2014); em O nosso idioma,i"Saramago, o escritor que brinca com a pontuação" (24/05/2008), da jornalista Isabel Coutinho, "Memorial do Convento, 'uma permanente homenagem à língua portuguesa'" (27/07/2011), texto do crítico, ensaísta e dramaturgo Luís Francisco Rebelo (1924-2011); no consultório, "A expressão 'palmo a palmo" no Memorial do Convento de José Saramago" (27/04/2017) e, no Correio, "As palavras de José Saramago sobre a língua portuguesa e o seu ensino" (2008).
Cf. José Saramago, biografia do escritor da nova escrita + E disto se fez Nobel
3. Relativamente à atualização do conjunto de rubricas de O português na 1.ª pessoa:
– Carla Marques traz a O nosso idioma exemplos de como a falta de hífen ou o seu uso errado agravam os enganos do amor;
– na rubrica Ensino, Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, lança um alerta para a necessidade urgente de haver mais adaptações de textos literários para quem aprende o português como língua estrangeira;
– no Pelourinho, disponibiliza-se um texto saído no Jornal da Madeira (2/10/2018), em que a autora, a advogada Patrícia de Vasconcelos, denuncia o desleixo na escrita.
4. Atualizado fica também o consultório com seis novas respostas: tardoz é substantivo feminino? Como pronunciar o topónimo grego Santorini? O possessivo correspondente a vocês é seu? Na frase «se não quer é porque não gosta» não falta uma vírgula? Como aportuguesar slide (= diapositivo)? Substantivando o pronome eu, diz-se «o eu», ou também se pode atribuir o género feminino?
** A propósito de género gramatical e do debate em torno do conceito de género, registe-se a polémica gerada em Espanha em fevereiro de 2018 por causa da forma "portavoza", como feminino do castelhano portavoz. O neologismo foi rejeitado, porque portavoz, como o português porta-voz, é substantivo dos dois géneros; além disso, tratando-se de um composto de verbo + substantivo, não se justifica alterar o segundo elemento voz, que, como a forma homóloga do português, já é do género feminino. Sobre a relação entre a construção social de género e a categoria gramatical de género, leia-se o texto intitulado "'Machista' e 'heteropatriarcal', a língua portuguesa?", do linguista João Veloso.
5. Da atualidade com interesse para a promoção da língua portuguesa, saliente-se, no âmbito da exposição "A Língua Portuguesa em Nós" patente no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa, o seminário A Língua Portuguesa ‘Entre Gente Remota’, a realizar em 15/10/2018 (acesso livre) e acreditado pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua – CCPFC).