1. Em 9 de outubro de 2021, os EUA e os talibãs reuniram-se presencialmente para discutir a situação do Afeganistão, um país conhecido pela sua história conturbada. Lembramos, por isso, em O Afeganistão de A a Z as reflexões do escritor português Eça de Queirós a propósito da guerra travada pelo então império britânico no Afeganistão, vertidas nas Cartas de Inglaterra (Porto, Livraria Chardon de Lello & Irmão – Editores, 1905). Ainda sobre o tema explicita-se a questão da Guerra Anglo-Afegã. Outras novas entradas: Estado Islâmico de Coraçone e Hazaras.
Na imagem, Cabul, capital do Afeganistão (fonte: Wikipédia).
2. No Consultório, abordam-se os nomes que vinham do francês com o sufixo -age, por exemplo, viagem (de viage), que convergiram por analogia com os nomes que evoluíram de outros latinos terminados em -ine, tal como virgem. Além disso, explica-se em que situações o, a, os, as pode ser considerado um pronome demonstrativo. Relativamente à palavra Taiwan, refere-se que o topónimo ainda não foi completamente adaptado ao português. Ainda no Consultório, comenta-se o uso da locução «por mais de». Por último, levanta-se a questão gráfica nas palavras convectivo e transdução, que não têm grafia dupla nem em Portugal nem no Brasil.
3. Na rubrica O Nosso Idioma, apresentamos a crónica Caminhos da linguística em Angola e que demonstra a necessidade de reflexão por parte dos linguistas sobre o processo de formação do português angolano. Ainda na referida rubrica, transcrevemos, com a devida vénia, uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, com o título "Consoantes de gato", uma reflexão sobre os sons, as onomatopeias e os verbos que estão associados à linguagem dos gatos.
4. Na Montra de Livros, apresentamos Feira dos Anexins de D. Francisco Manuel de Melo (1608-1668), um dos autores mais notáveis do século XVII literário português. Este livro reaparece em 2021, numa nova edição a cargo Maria Sofia Silva Santos, com a chancela da editora Guerra & Paz.
5. Da atualidade com impacto no vocabulário, urge destacar os seguintes aspetos:
– Relativamente à decisão do Tribunal Constitucional da Polónia quanto à prevalência das leis do país sobre as da União Europeia¹, surgem há algum tempo ocorrências da forma Polexit (ver aqui e aqui), nome próprio que refere o risco de a Polónia sair do espaço comunitário. A palavra evoca outra saída recente, a do Reino Unido, e forma-se como Brexit, uma amálgama de «British exit», ou seja, «saída britânica» (ver Abertura de 22/07/2016). Polexit constitui-se de maneira análoga, com elementos de «Polish exit», e vem a ser, portanto, o mesmo que «saída polaca».
¹ A sentença do Tribunal Constitucional da Polónia declara incompatível com a Constituição do país o artigo 1.º do Tratado da União Europeia (é o que constitui a UE através de uma atribuição de competências dos Estados-membros) e o artigo 19.º ( que estabelece o Tribunal de Justiça da União Europeia como intérprete do direito europeu).
– A crise vulcânica na ilha canária de La Palma continua presente na comunicação social, para mais com o agravamento da situação após o desabamento da ala norte do vulcão Cumbre Vieja. À volta do tópico da vulcanologia recordamos os seguintes textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: O neologismo eruptir (verbo); Erupção/irrupção; Peleano; e O aportuguesamento de Krakatoa (vulcão). E, ainda, Vulcão (in "A Mitologia no nosso vocabulário quotidiano").