1. Com a sua entrada em funções, o novo governo de Portugal tomou a sua primeira medida, tendo decidido alterar o logótipo da República Portuguesa em uso e regressar ao anterior, que inclui o escudo, as quinas e a esfera armilar, uma decisão que foi amplamente debatida na imprensa escrita e nos comentários televisivos e radiofónicos. Foi exatamente no espaço da oralidade que se voltou a ouvir a prolação incorreta da palavra, pronunciada como "logotípo". Como já aconteceu noutras ocasiões, o Ciberdúvidas recorda que a palavra deve ser pronunciada colocando o acento tónico no segundo "o" – logótipo –, uma vez que esta é uma palavra proparoxítona, o que é assinalado pelo acento agudo. E porque os acontecimentos políticos e sociais podem vir a convocar outras palavras que recorrentemente se pronunciam de forma incorreta, deixamos aqui registo da correta prolação de algumas delas: "Rubrica (e não "rúbrica")", "A pronúncia de seniores e juniores, novamente", "Pronúncia de carácter ou caracteres", "A pronúncia de acordo(s)", "A pronúncia de circuito, fortuito, gratuito e intuito".
2. No decurso da mais recente campanha eleitoral em Portugal, assinalámos vários tropeções linguísticos, a que se juntaram diversas inovações lexicais, um conjunto de fenómenos linguísticos que José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, recorda no seu apontamento intitulado "Do melhor e do pior".
3. A atualização do Consultório do Ciberdúvidas traz-nos a análise de uma dúvida relacionada com a possibilidade de utilizar o pronome indefinido alguém em construções negativas, a par de ninguém. A esta resposta juntam-se outras nove, que tratam os seguintes aspetos da língua portuguesa: a equivalência de mau grado e malgrado; a correção da forma «paços de conselho»; as regências com orações relativas; o uso de vírgula com modificador do grupo verbal; a correção da expressão «no pressuposto de que»; o uso das expressões «contra si» e «contra ele»; a construção «posso ajudar» com pronomes pessoais; a correção de «menos pior» e atos ilocutórios na Farsa de Inês Pereira.
4. No seu apontamento desta semana, a professora Carla Marques coteja as palavras ámen e amém no sentido de esclarecer se existe uma forma correta e qual o seu plural (divulgado no programa Páginas de Português da Antena 2).
5. A comemoração dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões cria o contexto para uma reflexão sobre a vida e obra do génio da literatura portuguesa, tal como o considera o professor universitário e autor Frederico Lourenço no texto que publica no seu mural de Facebook e que aqui partilhamos com a devida vénia.
6. A professora universitária e linguista Margarita Correia analisa, desta feita, a situação linguística da Guiné Equatorial, o nono membro da CPLP, em artigo publicado no Diário de Notícias, que partilhamos com a devida vénia.
7. Divulgam-se alguns encontros científicos de interesse:
– Decorre na Universidade Federal do Piauí o Colóquio Internacional sobre Argumentação, Retórica e Análise do Discurso (I CIARD), entre 8 e 10 de abril;
– O 3.º Simpósio Internacional de Jovens Investigadores em Literatura para a Infância e Juventude, intitulado "Livros para transformar o mundo: simpósio sobre Literatura para a Infância e Juventude", decorrerá na Universidade Aveiro nos dias 11 e 12 de abril.
8. Um registo final para Eugénio Lisboa, que faleceu na manhã de 9 de abril de 2024, vítima de doença oncológica. Eugénio Lisboa foi ensaísta e crítico literário, especialista em José Régio. Deixou-nos também obra poética e um conjunto alargado de diários e memórias. Assim como algumas polémicas literárias, duas delas registadas no Ciberdúvidas: "A festa antes do tempo" e "Promover a literatura portuguesa". À controvérsia do cânone literário dedicou em 2021 o livro Vamos Ler! – Um Cânone para o Leitor Relutante.