Nestes casos, a aceitabilidade da supressão da preposição em orações relativas varia consoante os verbos utilizados. Por exemplo, João Andrade Peres e Telmo Móia, em Áreas Críticas da Língua Portuguesa, assinalam que «o verbo gostar parece ser um dos favoritos dos adeptos da construção [sem preposição]» (pág. 289).
Adotando um ponto de vista mais conservador e preferencial para muitos autores e gramáticas, o correto é o pronome relativo ser precedido pela preposição de quando o verbo da oração relativa rege essa mesma preposição, uma vez que, quando o pronome relativo é deslocado para o início da oração, a preposição deve acompanhar este elemento na deslocação. Neste sentido, apenas são aceitáveis frases como «Li o livro de que me falaste» ou «Aprendi a música de que gosto».
Contudo, como assinala a consulente, os falantes dividem-se quanto à necessidade do uso da preposição neste tipo de situações, sendo comum, sobretudo em registos orais e alguns escritos, a omissão da preposição nas construções relativas. Segundo João Andrade Peres e Telmo Móia, em Áreas Críticas da Língua Portuguesa, a supressão da preposição em orações relativas consiste num fenómeno que «está progressivamente a ganhar terreno, possivelmente por influência do português do Brasil» (pág. 288). Também não é de excluir influência do inglês nestes casos, uma vez que nesta língua ocorre o «abandono de preposição» quando o pronome relativo sofre um movimento.
Portanto, alguns autores e gramáticas dão conta da possibilidade de existirem falantes que aceitam construções como «Li o livro que me falaste» ou «Aprendi a música que gosto», contudo, a tendência generalizada e de acordo com o preceituado pela norma recai sobre a preferência do uso da preposição neste tipo de estruturas.