Em muitos casos, o uso da vírgula pode ter uma função estilística, o que torna o seu uso facultativo.
Assim, a vírgula isola o modificador do grupo verbal em início de frase, mas, como indicam Cunha e Cintra, «[q]uando os adjuntos adverbiais1 são de pequeno corpo (um advérbio, por exemplo), costuma-se dispensar a vírgula. A vírgula é, porém, e regra quando se pretende realçá-los.»2
No interior da frase, o uso de vírgula pode também depender do tamanho do modificador. Assim, um modificador mais longo, que interrompe a ligação entre o verbo e o seu complemento, poderá ser assinalado por vírgula:
(1) «O João morou, durante longos anos, em Faro.»
No entanto, em casos em que não se pretende realçar o modificador e em que este não introduz uma quebra na frase, a vírgula pode ser omitida:
(2) «O João morou durante longos anos em Faro.»
Quando este modificador é uma só palavra (um advérbio, por exemplo), a tendência é mesmo para não usar a vírgula (a não ser que se pretende destacá-lo):
(3) «O João viu hoje este filme.»
Em muitas destas situações, não estamos perante uma situação em que o uso da vírgula é obrigatório ou proibido. Trata-se, antes, de um uso possível com intuitos estilísticos.
Disponha sempre!
1. No quadro do Dicionário Terminológico, estes constituintes poderão desempenhar a função de modificador do grupo verbal ou de complemento oblíquo.
2. Cunha e Cintra, Nova gramática do português contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 642.