Um livro de pouco mais de 130 páginas que se lê num ápice pela sua linguagem direta, não isenta de observações polémicas.
O título Vamos Ler! vai buscá-lo o autor, o crítico literário, ensaísta e escritor Eugénio Lisboa, a uma revista brasileira que marcou a sua infância. O subtítulo, por seu lado, indicia a intenção de descomplicar o acesso à criação literária e aos mundos que ela abre. Apresenta-se, assim, uma lista de 35 títulos (pp. 79-82) de obras marcantes da literatura portuguesa, a qual Eugénio Lisboa justifica resolutamente pelo critério de reunir obras acessíveis pela temática, pelo desejo de comunicar com o leitor ou de o prender com histórias ou palavras sedutoras. De fora, ficam todos aqueles que o autor critica como sinal de provincianismo:
«Entre nós, parece haver o culto, de um snobismo provinciano, da "dificuldade", do "aborrecido", do "opaco", da "circunvolução", do "arrebidado", do "complicado", que confundem com o "complexo". O simples e transparente parece-lhes pouco chique intelectualmente falando.» (p. 77)
E, linhas depois, Eugénio Lisboa não se coíbe de verberar um dos nomes mais destacados da literatura portuguesa da segunda metade do século XX, Agustina Bessa-Luís (1922-2019).
Apresentando-se muito assertivamente, sem pretextos nem delongas (p. 78), a proposta é, portanto, a de aliciar leitores pouco ou nada aplicados com textos cativantes, escritos em português, em prosa ou verso. O livro desenrola-se depois como um percurso (pp. 82 e ss) que vai das publicações mais recentes – Equador, de Miguel Sousa Tavares – às mais antigas, fazendo dos sonetos de Camões, escritos no século XVI, a última paragem nesta viagem no tempo.
Com Vamos Ler!, Eugénio Lisboa mostra um forte sentido de partilha, sabendo transmitir como incentivo a sua longa experiência de leitor entusiasta e incansável.
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