Nos versos retirados da Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, encontramos vários atos ilocutórios diretivos.
As frases em questão surgem nos versos indicados entre parênteses. Procedemos aqui à divisão dos versos por frases para facilitar a análise:
(1) «Será bem que vos caleis.» (vv.793)
(2) «E mais, sereis avisada/ que não me respondais nada,/ em que ponha fogo a tudo,/ porque o homem sesudo/ traz a mulher sopeada». (vv.794-798)
(3) «Se eu disser: – isto é novelo –/ havei-lo de confirmar.» (vv. 819-820)
Assim, em qualquer destas frases, identificamos como objetivo ilocutório a procura, por parte do locutor, de que o alocutário venha a realizar uma dada ação, verbal ou não verbal1, a saber:
(1) Ficar calada.
(2) Não responder.
(3) Confirmar tudo o que ele disser.
Por esta razão, em todas as frases do auto vicentino, estamos perante um ato ilocutório diretivo.
Disponha sempre!
1. Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, p. 75.